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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

O México não foi ao paraíso

MIAMI- O México, depois que assinou um acordo de livre comércio com o Canadá e os Estados Unidos (o Nafta), virou objeto de desejo de críticos e de adeptos desse gênero de entendimento. Com um dado conjunto de números na mão, os críticos dizem que o acordo foi prejudicial. Com outros números, os livre-mercadistas dizem que foi um sucesso.
Agora, surge o tira-teima, na forma de abrangente estudo feito pelo Carnegie Endowment for International Peace, centro de estudos de Washington que pode ser acusado de tudo, menos de protecionista. Não tem paixão militante e, na essência, diz o seguinte:
1 - "O Nafta não ajudou a economia mexicana a manter-se à altura da crescente demanda de postos de trabalho".
2 - "Os salários reais da maioria dos mexicanos são hoje mais baixos do que quando o Nafta entrou em vigor. No entanto esse revés foi causado pela crise do peso, entre 1994 e 1995, e não pelo Nafta" (caberia dizer que o Nafta, apontado como panacéia universal, se não causou, tampouco evitou o chamado "revés").
3 - "O Nafta não conteve o fluxo de mexicanos pobres rumo aos EUA em busca de trabalho; na realidade, registrou-se um aumento espetacular no número de imigrantes que chegam aos Estados Unidos, apesar do aumento inédito nas medidas de controle fronteiriço".
4 - "O temor (em especial nos EUA) de uma minimização das regulações ambientais foi infundado".
Tudo somado, "o Nafta não foi nem o desastre que seus detratores prognosticaram nem a tábua de salvação aclamada por seus partidários. Mas, embora seu efeito geral possa ser ambíguo, para as famílias rurais o quadro é muito claro -e sombrio". Detalhe: 20% dos mexicanos trabalham na área rural.
Para um país como o Brasil, que está negociando um acordo semelhante com os Estados Unidos (a Alca), são avaliações bastante nítidas. Dispensam comentários.


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