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CLÓVIS ROSSI
O México não foi ao paraíso
MIAMI- O México, depois que assinou um acordo de livre comércio com
o Canadá e os Estados Unidos (o Nafta), virou objeto de desejo de críticos e
de adeptos desse gênero de entendimento. Com um dado conjunto de
números na mão, os críticos dizem
que o acordo foi prejudicial. Com outros números, os livre-mercadistas dizem que foi um sucesso.
Agora, surge o tira-teima, na forma
de abrangente estudo feito pelo Carnegie Endowment for International
Peace, centro de estudos de Washington que pode ser acusado de tudo,
menos de protecionista. Não tem paixão militante e, na essência, diz o seguinte:
1 - "O Nafta não ajudou a economia mexicana a manter-se à altura
da crescente demanda de postos de
trabalho".
2 - "Os salários reais da maioria dos
mexicanos são hoje mais baixos do
que quando o Nafta entrou em vigor.
No entanto esse revés foi causado pela crise do peso, entre 1994 e 1995, e
não pelo Nafta" (caberia dizer que o
Nafta, apontado como panacéia universal, se não causou, tampouco evitou o chamado "revés").
3 - "O Nafta não conteve o fluxo de
mexicanos pobres rumo aos EUA em
busca de trabalho; na realidade, registrou-se um aumento espetacular
no número de imigrantes que chegam aos Estados Unidos, apesar do
aumento inédito nas medidas de
controle fronteiriço".
4 - "O temor (em especial nos EUA)
de uma minimização das regulações
ambientais foi infundado".
Tudo somado, "o Nafta não foi
nem o desastre que seus detratores
prognosticaram nem a tábua de salvação aclamada por seus partidários.
Mas, embora seu efeito geral possa
ser ambíguo, para as famílias rurais
o quadro é muito claro -e sombrio".
Detalhe: 20% dos mexicanos trabalham na área rural.
Para um país como o Brasil, que está negociando um acordo semelhante com os Estados Unidos (a Alca),
são avaliações bastante nítidas. Dispensam comentários.
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