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PERIGO DE RECESSÃO
O Comitê de Política Monetária (Copom) sancionou as expectativas dos agentes financeiros e
elevou a taxa de juro básica para 25%
ao ano. A justificativa do BC para a
forte elevação foi a necessidade de refrear o movimento ascendente dos
índices de inflação, bem como as expectativas em torno do comportamento dos preços no próximo ano.
Consolidou-se um aumento de sete
pontos percentuais na taxa básica de
juros da economia brasileira num
período de 60 dias. Um autêntico
choque de juros, na exata contramão
do expansionismo monetário implementado pelos principais bancos
centrais do mundo. O salto de 18%
para 25% ao ano na taxa brasileira
elevou em quase 40% o patamar dos
juros prevalecente em outubro.
A economia apresenta claros sinais
de estagnação. O PIB cresceu apenas
0,9% no terceiro trimestre, em comparação ao período anterior. A renda
do trabalho vem caindo seguidamente nos últimos 23 meses. As projeções do Ipea (do governo federal)
indicam queda de 3,8% no investimento neste ano. A decisão do Copom deve reverberar negativamente
sobre as decisões de gasto das famílias e das corporações. Os consumidores e os empresários já estavam
pagando uma taxa de juros média de
45% ao ano, em outubro.
A elevação dos juros também deve
fazer aumentar ainda mais o estoque
de dívida pública. Uma nova escalada na relação dívida pública/PIB poderá levar o FMI a exigir uma elevação adicional do superávit fiscal do
Brasil como contrapartida à liberação de parcelas futuras do empréstimo acertado em agosto. Todos esses
efeitos podem alimentar uma espiral
recessiva na economia brasileira.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula
da Silva começará sua gestão praticando a maior taxa básica de juros
desde maio de 1999. É fundamental
que encontre uma forma para começar a reduzi-la rapidamente. Nem as
empresas nem os consumidores brasileiros suportam mais tamanha asfixia monetária.
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