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ELIANE CANTANHÊDE
A oposição
BRASÍLIA - Antes da sabatina de
Henrique Meirelles no Senado, o PFL
orientou o senador Geraldo Althoff
(SC), inquiridor em nome do partido,
a não tocar nos trechos da CPI dos
Bancos que apontam o BankBoston,
que Meirelles presidia, entre as instituições que apostaram em cima da
bucha na desvalorização do real.
Se falasse nisso, como outros falaram, Althoff não faria nada demais.
Afinal, quem botou a instituição na
fogueira foi o deputado Aloizio Mercadante, que não apenas é do PT como é um dos pais da indicação de
Meirelles, agora, para o BC. Mesmo
assim, o PFL não quis marola.
Quietos, só observando, Bornhausen, José Agripino Maia e José Jorge
analisam as movimentações petistas
e marcam posição liberal contra mudanças e prorrogação de taxas e alíquotas que interessam ao governo do
PT. Enquanto esperam para dar o
bote oposicionista na hora certa. E
não são os únicos.
Já praticamente sem mandato, José
Serra (PSDB) procura apartamento
para alugar na mesma superquadra
316 Sul onde hoje mora como senador. Ele vai dar palestras e viajar pelo
mundo, mas mantendo uma base em
Brasília. Para observar o governo.
De volta a suas empresas em São
Paulo, o ex-embaixador em Roma
Andrea Mattarazzo sonha criar um
programa diário de rádio para analisar as "notícias de jornais". Leia-se:
as notícias sobre o governo Lula.
Armínio Fraga, com aquele ar de
bonzinho, jura que ainda não decidiu o futuro. Só sabe que ficará no
Brasil, no Rio, de olho na política monetária e em "sintonia fina" com o
PFL, por exemplo, para botar a boca
no trombone se identificar algum
deslize. O técnico Armínio levanta, o
político PFL bate do Congresso.
Bem diferente da estridente esquerda petista, a oposição se arma quase
silenciosamente e é experiente, consistente. E tudo depende do desempenho do novo governo, inclusive da comunicação desse novo governo.
Se o governo está forte, a oposição é
fraca; se começa a fraquejar, a oposição cresce e aparece. É isso que tucanos e pefelistas esperam.
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