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ELIANE CANTANHÊDE
Sempre em frente, marche!
BRASÍLIA - Repetiu-se ontem, na solenidade no Planalto de "balanço"
do primeiro ano de Lula, a mesma
sensação que tenho ao longo de tantos governos: nas "ruas", só críticas;
nos palácios, tudo está uma maravilha, jamais houve presidente melhor,
nunca o país avançou tanto.
Nas "ruas" (parentes, motoristas,
garçons, sociólogos, professores...), a
política econômica é continuísta, a
área social parou, os acordos políticos
continuam. Nada de novo.
Nos palácios (presidente, ministros
e bajuladores), a política econômica
salvou o país do abismo, a área social
nunca foi tão social, as negociações
com o Congresso são absolutamente
puras e novas na história republicana. Tudo é completamente novo.
Lula não fugiu à regra. Repetiu, em
uma hora e 45 minutos (isso mesmo!), inclusive a regra de que o seu
governo é a quinta maravilha e o de
seu antecessor foi o pior do mundo.
Talvez seja no contraste entre a
"rua" e os palácios, entre o que dizem
os governos que estão e os que já foram, que esteja o equilíbrio entre o
pessimismo de quem está fora (e quer
mais) e o otimismo de quem está
dentro (e acha que faz o máximo).
O clima no Planalto, ontem, foi de
festa, de alegria, de gente passando a
sensação de se sentir realmente mudando o país. Excessos, excessos. Lula
disse que, para consertar tudo, são
necessários mais do que quatro, oito
ou dez anos. É obra para uma geração ou mais. E ele está começando a
virada, "plantando a semente",
"criando as condições".
Quem já viu governos desde a ditadura militar, os solavancos da era
Sarney em busca da estabilidade política, o clamor pela transparência na
fase Collor, a maturidade do país na
transição Itamar e a batalha pela estabilidade econômica de FHC, acha
apenas o óbvio: tudo é um processo.
Assim como o PT não está reinventando a roda, também não está começando do zero nem descobrindo
um novo Brasil. Está apenas andando. Ainda bem que, ao contrário do
que muitos temiam, andando para a
frente, não para trás.
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