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São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Sempre em frente, marche!

BRASÍLIA - Repetiu-se ontem, na solenidade no Planalto de "balanço" do primeiro ano de Lula, a mesma sensação que tenho ao longo de tantos governos: nas "ruas", só críticas; nos palácios, tudo está uma maravilha, jamais houve presidente melhor, nunca o país avançou tanto.
Nas "ruas" (parentes, motoristas, garçons, sociólogos, professores...), a política econômica é continuísta, a área social parou, os acordos políticos continuam. Nada de novo.
Nos palácios (presidente, ministros e bajuladores), a política econômica salvou o país do abismo, a área social nunca foi tão social, as negociações com o Congresso são absolutamente puras e novas na história republicana. Tudo é completamente novo.
Lula não fugiu à regra. Repetiu, em uma hora e 45 minutos (isso mesmo!), inclusive a regra de que o seu governo é a quinta maravilha e o de seu antecessor foi o pior do mundo.
Talvez seja no contraste entre a "rua" e os palácios, entre o que dizem os governos que estão e os que já foram, que esteja o equilíbrio entre o pessimismo de quem está fora (e quer mais) e o otimismo de quem está dentro (e acha que faz o máximo).
O clima no Planalto, ontem, foi de festa, de alegria, de gente passando a sensação de se sentir realmente mudando o país. Excessos, excessos. Lula disse que, para consertar tudo, são necessários mais do que quatro, oito ou dez anos. É obra para uma geração ou mais. E ele está começando a virada, "plantando a semente", "criando as condições".
Quem já viu governos desde a ditadura militar, os solavancos da era Sarney em busca da estabilidade política, o clamor pela transparência na fase Collor, a maturidade do país na transição Itamar e a batalha pela estabilidade econômica de FHC, acha apenas o óbvio: tudo é um processo.
Assim como o PT não está reinventando a roda, também não está começando do zero nem descobrindo um novo Brasil. Está apenas andando. Ainda bem que, ao contrário do que muitos temiam, andando para a frente, não para trás.


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