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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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QUESTÃO DE DIREITO

Os EUA , que já foram considerados grandes defensores dos direitos humanos, agora ocupam a incômoda posição de destaque negativo no relatório anual da Human Rights Watch (HRW), uma das principais organizações de defesa dos direitos humanos do mundo.
É claro que não dá para comparar as violações perpetradas pelos EUA, contra estrangeiros ilegais e prisioneiros capturados na Guerra do Afeganistão, com a repressão sistemática desferida por países como China, Arábia Saudita e Israel, para citar apenas alguns. Ainda assim, o relatório da HRW aponta os EUA como um dos responsáveis pela sensível piora do respeito aos direitos humanos registrada ao longo de 2002, principalmente na Ásia.
Segundo a organização, Washington, em nome do combate ao terrorismo, foi conivente com violações oportunistas cometidas por Estados aliados. Para a HRW, a Casa Branca simplesmente se calou diante de campanhas repressivas lançadas por países como Paquistão, China, Arábia Saudita ou mesmo pelos chefes tribais afegãos. Em circunstâncias normais -isto é, se não tivesse havido o 11 de setembro-, a Casa Branca provavelmente teria protestado contra tais atitudes.
O estrago em termos de direitos humanos causado pela estratégia do presidente Bush não se limita aos países envolvidos na chamada guerra contra o terrorismo. Embora Washington tenha tentado promover a causa dos direitos humanos em nações como Mianmar, Belarus e Zimbábue, seus esforços foram comprometidos pela percepção de que está em curso uma política de dois pesos e duas medidas, de que o discurso humanitário só vale para alguns.
É impossível deixar de observar que grupos terroristas como a Al Qaeda e o Hamas cometem as mais graves violações aos direitos humanos. A questão é que os EUA e outras nações civilizadas precisam ser capazes de combater esses grupos sem perpetrar ou tolerar crimes análogos.



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