|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUESTÃO DE DIREITO
Os EUA , que já foram considerados grandes defensores dos
direitos humanos, agora ocupam a
incômoda posição de destaque negativo no relatório anual da Human
Rights Watch (HRW), uma das principais organizações de defesa dos direitos humanos do mundo.
É claro que não dá para comparar
as violações perpetradas pelos EUA,
contra estrangeiros ilegais e prisioneiros capturados na Guerra do Afeganistão, com a repressão sistemática desferida por países como China,
Arábia Saudita e Israel, para citar
apenas alguns. Ainda assim, o relatório da HRW aponta os EUA como
um dos responsáveis pela sensível
piora do respeito aos direitos humanos registrada ao longo de 2002,
principalmente na Ásia.
Segundo a organização, Washington, em nome do combate ao terrorismo, foi conivente com violações
oportunistas cometidas por Estados
aliados. Para a HRW, a Casa Branca
simplesmente se calou diante de
campanhas repressivas lançadas por
países como Paquistão, China, Arábia Saudita ou mesmo pelos chefes
tribais afegãos. Em circunstâncias
normais -isto é, se não tivesse havido o 11 de setembro-, a Casa Branca
provavelmente teria protestado contra tais atitudes.
O estrago em termos de direitos
humanos causado pela estratégia do
presidente Bush não se limita aos
países envolvidos na chamada guerra contra o terrorismo. Embora Washington tenha tentado promover a
causa dos direitos humanos em nações como Mianmar, Belarus e Zimbábue, seus esforços foram comprometidos pela percepção de que está
em curso uma política de dois pesos
e duas medidas, de que o discurso
humanitário só vale para alguns.
É impossível deixar de observar que
grupos terroristas como a Al Qaeda e
o Hamas cometem as mais graves
violações aos direitos humanos. A
questão é que os EUA e outras nações civilizadas precisam ser capazes
de combater esses grupos sem perpetrar ou tolerar crimes análogos.
Texto Anterior: Editoriais: BC HERDADO Próximo Texto: Editoriais: SANEAMENTO EM CRISE Índice
|