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Que liberdade?
CLÓVIS ROSSI
San José (Costa Rica) - O movimento
sindical da Costa Rica prometia trazer
de 4 a 5 mil pessoas para protestar
contra a marginalização dos trabalhadores nas negociações da Alca
(Área de Livre Comércio das Américas).
Veio apenas 1% disso, 40 ou 50 pessoas, se tanto, que mal se fizeram notar pelos delegados da Conferência
Ministerial da Alca, reunidos no exuberante Hotel Camino Real.
De alguma forma, o fracasso do ato é
simbólico do crescente processo de
aniquilação do sindicalismo, em andamento pelo menos nos países em desenvolvimento.
Acuado pelo desemprego crescente
e/ou pela precarização das condições
de trabalho, o sindicalismo não consegue erguer a cabeça e o trabalhador
está virando mais e mais mera peça de
reposição no processo produtivo.
Na Conferência Ministerial de San
José é moeda de troca. Os EUA querem
criar um modesto grupo de estudos
tanto para discutir a vinculação comércio/regras trabalhistas como para
meio ambiente/comércio.
Nenhum dos parceiros topa, exceto o
Canadá. São tão reticentes que se negam até a criar um grupo de estudo
sobre comércio eletrônico, também
proposto pelos EUA, embora todos admitam a necessidade de entender melhor esse novo campo econômico. Mas
temem que, se se criar um grupo para
comércio eletrônico, entram pela fresta o trabalho e o meio ambiente.
Não está passando nem mesmo a
proposta brasileira de um Foro Consultivo Econômico e Social. Os EUA
aceitam até com entusiasmo. Os outros rejeitam abrir lugar à mesa de negociações para a sociedade civil.
Há governos que torcem o nariz até
para a participação do empresariado,
que vem sendo ativa, mas confinados
à "sala ao lado". Ficam perto, mas
não entram na sala de reunião oficial
propriamente dita.
Quanto aos sindicatos de trabalhadores, nem isso. E é liberdade que se
discute na Alca. De comércio, claro. É
o que conta hoje.
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