São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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Por exclusão

ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - O que parecia impossível está prestes a acontecer: pela primeira vez, Pedro Malan e José Serra estão do mesmo lado. Ambos querem Paulo Paiva no Ministério do Planejamento.
O ministro da Fazenda e o senador paulista temem que a estratégica pasta do Planejamento caia em mãos de adversários.
Malan teria de aguentar novos e desgastantes embates internos, que detesta. Serra só aceita ir para a Saúde com pelo menos um interlocutor "confiável" na área econômica.
O candidato preferencial de Malan seria o seu secretário-executivo, Pedro Parente. Parente, porém, é quem opera o dia-a-dia da Fazenda. Sua saída desorganizaria a equipe.
O preferido de Serra seria Martus Tavares, que foi seu secretário-executivo no Planejamento e continuou no cargo com Antonio Kandir. Martus, entretanto, seria considerado uma extensão de Serra na área econômica -algo que o próprio FHC não quer.
O resultado é Paulo Paiva. Atual ministro do Trabalho, é do PTB, mas não muito convicto. Economista, discreto, tem origem na esquerda e apoio difuso em Minas Gerais.
Pelas regras estabelecidas para a reforma-tampão, deve ser mantida a relação pasta-partido-Estado.
Jaime Lerner, por exemplo, quer um dos seus secretários para substituir o conterrâneo Reinhold Stephanes na Previdência. Antônio Britto está sendo no mínimo consultado sobre o Ministério dos Transportes.
O Planejamento foi de Serra, é de Kandir. Ou seja, da cota dos tucanos paulistas. Mário Covas, entretanto, não está nem aí. Desentendeu-se com Kandir, faz o gênero independente e quer liberdade para criticar o desemprego e os juros altos na campanha.
"Não indiquei nem indico ninguém. Preencher cargos em São Paulo já é uma dureza. Para que vou me meter a besta com cargos em Brasília?", disse.
Fecha-se o cerco. FHC indica, Malan topa, Serra elogia, Covas não se opõe. Paiva tem boas chances de atravessar a campanha no Planejamento.

Que cassem a dupla de "pianistas" José Borba e Valdomiro Meger. Desde que não se esqueçam de Sérgio Naya.



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