|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Por exclusão
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - O que parecia impossível
está prestes a acontecer: pela primeira
vez, Pedro Malan e José Serra estão do
mesmo lado. Ambos querem Paulo
Paiva no Ministério do Planejamento.
O ministro da Fazenda e o senador
paulista temem que a estratégica pasta do Planejamento caia em mãos de
adversários.
Malan teria de aguentar novos e
desgastantes embates internos, que
detesta. Serra só aceita ir para a Saúde com pelo menos um interlocutor
"confiável" na área econômica.
O candidato preferencial de Malan
seria o seu secretário-executivo, Pedro
Parente. Parente, porém, é quem opera o dia-a-dia da Fazenda. Sua saída
desorganizaria a equipe.
O preferido de Serra seria Martus
Tavares, que foi seu secretário-executivo no Planejamento e continuou no
cargo com Antonio Kandir. Martus,
entretanto, seria considerado uma extensão de Serra na área econômica
-algo que o próprio FHC não quer.
O resultado é Paulo Paiva. Atual ministro do Trabalho, é do PTB, mas não
muito convicto. Economista, discreto,
tem origem na esquerda e apoio difuso
em Minas Gerais.
Pelas regras estabelecidas para a reforma-tampão, deve ser mantida a relação pasta-partido-Estado.
Jaime Lerner, por exemplo, quer um
dos seus secretários para substituir o
conterrâneo Reinhold Stephanes na
Previdência. Antônio Britto está sendo no mínimo consultado sobre o Ministério dos Transportes.
O Planejamento foi de Serra, é de
Kandir. Ou seja, da cota dos tucanos
paulistas. Mário Covas, entretanto,
não está nem aí. Desentendeu-se com
Kandir, faz o gênero independente e
quer liberdade para criticar o desemprego e os juros altos na campanha.
"Não indiquei nem indico ninguém.
Preencher cargos em São Paulo já é
uma dureza. Para que vou me meter a
besta com cargos em Brasília?", disse.
Fecha-se o cerco. FHC indica, Malan
topa, Serra elogia, Covas não se opõe.
Paiva tem boas chances de atravessar
a campanha no Planejamento.
Que cassem a dupla de "pianistas" José Borba e Valdomiro Meger. Desde
que não se esqueçam de Sérgio Naya.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|