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CLÓVIS ROSSI
Eles não sabem o que fazer
SÃO PAULO - Perplexo com os rumos do governo do PT? Em dúvida sobre
se haverá uma fase 2 ou se o modelo
"Malan-plus" veio mesmo para ficar,
como teme a Fundação Perseu Abramo, que não faz parte dos mal chamados radicais do partido?
Console-se. Você não está sozinho.
Um dos raros teóricos do partido que,
além disso, põe a mão na massa, chamado Tarso Genro, confessou de público, pelo menos para os leitores desta Folha, que eles também (o governo) não têm a mais remota idéia do que fazer e como fazer.
Não acredita? É só ler (ou reler) o
seguinte trecho do artigo que o ex-prefeito de Porto Alegre escreveu para a Folha de domingo:
"Na verdade, não há nem precedente histórico nem uma teoria da
transição de um modelo de modernização conservadora vinculado ao capital financeiro para um modelo produtivista de crescimento acelerado e
inclusão social. Temos, ao mesmo
tempo, que teorizar e praticar".
Ou, posto de outra forma, o PT vai
trocar o pneu com o carro em movimento, o que não deixa de ser uma
baita irresponsabilidade.
Afinal, um partido com 23 anos de
vida, mais da metade deles passados
já depois do fim do comunismo, ou
seja, depois que morreu um modelo
eventualmente alternativo, deveria
ter ao menos teorizado sobre a tal
transição.
Não o fez, como confessa um dos
seus teóricos. Pior: Tarso supõe que
vá haver algum dia a transição para
um modelo de produção e inclusão, o
que está muito longe de ser certo.
Se não se preparou para fazê-la, o
PT corre o sério risco de render-se ao
mais cômodo, que é o de ser apenas
gerente de um modelo visivelmente
falido ou, na melhor das hipóteses,
bastante insuficiente.
Depois o pessoal do governo reclama quando a expressão "estelionato
eleitoral" começa a circular cada vez
com mais frequência.
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