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VALDO CRUZ
Chegou a hora?
BRASÍLIA - Começa hoje a mais esperada reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária) do Banco Central no governo Lula da Silva. As
quatro primeiras foram frustrantes
para os petistas de carteirinha. Em
duas, os juros subiram. Na última, ficaram onde estavam, nas alturas.
Até aqui, apesar de algum choro e
ranger de dentes, a reação contrária
foi, diríamos, comedida. Prevaleceu,
de certa forma, o discurso de que o
momento era de precaução e de conservadorismo. Agora, porém, as pressões por uma queda nos juros ganham mais e mais adeptos. Quem
sairá vitorioso saberemos amanhã.
O que se ouve é que, tecnicamente,
seguindo rigorosamente os manuais
de economia (pelo menos os ortodoxos), os juros devem ficar onde estão.
Talvez um viés de baixa, indicando
que a qualquer momento a taxa possa cair dos atuais 26,5% ao ano.
Politicamente falando, talvez seja a
hora de reduzir um pouco essa tão
elevada taxa de juros, símbolo do que
há de mais perverso para o lado real
da economia. Afinal, a inflação deu
sinais de queda e a economia está devagar, quase parando.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, especialista em juros
altos, tal dilema se apresentou em várias oportunidades. Observando hoje, é fácil dizer que a equipe econômica de FHC perdeu boas chances de ser
mais ousada e cortar os juros.
Mas também cometeu seus deslizes,
reduzindo os juros em momentos errados, como em 2002, quando diminuiu a taxa no início do ano muito
mais para vitaminar a fraca candidatura governista à Presidência. E,
depois, demorou a subi-la quando a
inflação estava em alta.
O fato é que, hoje, o dilema é do BC
de Lula. Se nas análises técnicas do
Copom houver algum espaço para
um corte nos juros, o que dele se espera é que não seja conservador. Que
seja ousado. Afinal, o brasileiro elegeu Lula sonhando exatamente com
isto: um pouco mais de ousadia.
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