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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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VALDO CRUZ

Chegou a hora?

BRASÍLIA - Começa hoje a mais esperada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central no governo Lula da Silva. As quatro primeiras foram frustrantes para os petistas de carteirinha. Em duas, os juros subiram. Na última, ficaram onde estavam, nas alturas.
Até aqui, apesar de algum choro e ranger de dentes, a reação contrária foi, diríamos, comedida. Prevaleceu, de certa forma, o discurso de que o momento era de precaução e de conservadorismo. Agora, porém, as pressões por uma queda nos juros ganham mais e mais adeptos. Quem sairá vitorioso saberemos amanhã.
O que se ouve é que, tecnicamente, seguindo rigorosamente os manuais de economia (pelo menos os ortodoxos), os juros devem ficar onde estão. Talvez um viés de baixa, indicando que a qualquer momento a taxa possa cair dos atuais 26,5% ao ano.
Politicamente falando, talvez seja a hora de reduzir um pouco essa tão elevada taxa de juros, símbolo do que há de mais perverso para o lado real da economia. Afinal, a inflação deu sinais de queda e a economia está devagar, quase parando.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, especialista em juros altos, tal dilema se apresentou em várias oportunidades. Observando hoje, é fácil dizer que a equipe econômica de FHC perdeu boas chances de ser mais ousada e cortar os juros.
Mas também cometeu seus deslizes, reduzindo os juros em momentos errados, como em 2002, quando diminuiu a taxa no início do ano muito mais para vitaminar a fraca candidatura governista à Presidência. E, depois, demorou a subi-la quando a inflação estava em alta.
O fato é que, hoje, o dilema é do BC de Lula. Se nas análises técnicas do Copom houver algum espaço para um corte nos juros, o que dele se espera é que não seja conservador. Que seja ousado. Afinal, o brasileiro elegeu Lula sonhando exatamente com isto: um pouco mais de ousadia.


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