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São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2003

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MARTA SALOMON

Lula rifou 2003

BRASÍLIA - A esperada "guinada" na política social do governo Lula ficou para o ano que vem, informa Benedita da Silva, da Assistência e Promoção Social. Em seu ministério é construído o modelo de benefício único para famílias pobres.
"A coisa não é fácil, requer tempo", diz Benedita. Por ora, há mais de dez opções em estudo. Todas elas prevêem contrapartidas como frequência às aulas e a postos de saúde, diferentemente do Fome Zero, cuja transferência de renda se destina exclusivamente à compra de alimentos.
Nenhuma das opções fala em unificar o orçamento dos programas, porque isso significa mexer não só em alguns bilhões mas no poder dos ministros. Já há uma certa desconfiança de que o debate em curso no governo resulte, ao fim, numa meia-guinada.
Até o fim do ano, serão tocados por cinco ministérios diferentes os seis programas de transferência de renda em curso. Pouco mais de 6,5 milhões dos 9,3 milhões de famílias em risco social recebem algum tipo de benefício, pelo menos o vale-gás, de R$ 15 a cada dois meses -dinheiro para quase um botijão a cada quatro meses. Ignora-se quem recebe o quê.
Benedita da Silva não teme, como pensa o colega Cristovam Buarque (Educação), que a burocracia e a falta de dinheiro e de criatividade levem o governo a fracassar na área social. "É um governo que ousa criar um ministério", comemora. Não só um, foram dois novos ministérios.
O que alegra a ministra, porém, representa um sinal de fracasso da guinada social esboçada ainda no escritório da transição. Antes mesmo da montagem do ministério, a equipe da transição recomendou claramente a Lula a imediata integração dos programas e dos orçamentos, sem mais ministério. Tudo por escrito.
Benedita da Silva ainda acha que não se poderia fazer mais em seis meses. Aliás, o sexto mês do governo Lula vai terminar com mais desemprego e queda na atividade econômica -eram as previsões da equipe econômica antes mesmo de a última reunião sobre os juros começar.


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