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MARTA SALOMON
Lula rifou 2003
BRASÍLIA - A esperada "guinada" na política social do governo Lula ficou
para o ano que vem, informa Benedita da Silva, da Assistência e Promoção Social. Em seu ministério é construído o modelo de benefício único
para famílias pobres.
"A coisa não é fácil, requer tempo",
diz Benedita. Por ora, há mais de dez
opções em estudo. Todas elas prevêem contrapartidas como frequência às aulas e a postos de saúde, diferentemente do Fome Zero, cuja
transferência de renda se destina exclusivamente à compra de alimentos.
Nenhuma das opções fala em unificar o orçamento dos programas, porque isso significa mexer não só em alguns bilhões mas no poder dos ministros. Já há uma certa desconfiança de
que o debate em curso no governo resulte, ao fim, numa meia-guinada.
Até o fim do ano, serão tocados por
cinco ministérios diferentes os seis
programas de transferência de renda
em curso. Pouco mais de 6,5 milhões
dos 9,3 milhões de famílias em risco
social recebem algum tipo de benefício, pelo menos o vale-gás, de R$ 15 a
cada dois meses -dinheiro para
quase um botijão a cada quatro meses. Ignora-se quem recebe o quê.
Benedita da Silva não teme, como
pensa o colega Cristovam Buarque
(Educação), que a burocracia e a falta de dinheiro e de criatividade levem
o governo a fracassar na área social.
"É um governo que ousa criar um
ministério", comemora. Não só um,
foram dois novos ministérios.
O que alegra a ministra, porém, representa um sinal de fracasso da guinada social esboçada ainda no escritório da transição. Antes mesmo da
montagem do ministério, a equipe da
transição recomendou claramente a
Lula a imediata integração dos programas e dos orçamentos, sem mais
ministério. Tudo por escrito.
Benedita da Silva ainda acha que
não se poderia fazer mais em seis meses. Aliás, o sexto mês do governo Lula vai terminar com mais desemprego e queda na atividade econômica
-eram as previsões da equipe econômica antes mesmo de a última
reunião sobre os juros começar.
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