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A IGNOMÍNIA DAS FARC
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia empreendem uma ofensiva para tentar disseminar o terror pelo país. A tática utilizada foi a de decretar uma espécie de
"impeachment" cesarista sobre todas as autoridades públicas colombianas. Anteontem, "ordenaram" o
assassinato ou o sequestro imediato
de prefeitos e funcionários de dez
Departamentos colombianos. Trata-se de uma intolerável atitude que vai
encaminhando a solução do conflito
no país vizinho para uma única via,
que passa pela necessidade de o governo impor uma derrota militar significativa à guerrilha.
Em fevereiro, o presidente Andrés
Pastrana anunciou o fim do diálogo
com a guerrilha. As Farc, mesmo
tendo obtido concessões inusitadas
do governo -que cedeu território do
tamanho da Suíça para os guerrilheiros-, não deram nenhuma mostra
de que abandonariam seus métodos
violentos e transitariam para tornar-se um grupo ou um partido político
do "establishment".
Os objetivos políticos da guerrilha
originalmente marxista perderam
peso considerável desde que, finda a
Guerra Fria, suas atividades passaram a ser financiadas pelo narcotráfico e pela indústria dos sequestros.
Ou seja, entre as duas formas de
transição clássicas dos grupos radicais de esquerda latino-americanos
-ou para posições mais moderadas
no campo político-partidário, ou para o crime-, as Farc optaram claramente pelo segundo.
A ousadia com que os guerrilheiros
respondem à ofensiva do governo
faz crer que disputam um tudo ou
nada. Decerto um dos perigos, numa
situação como essa, é o governo ser
tomado por um direitismo exacerbado, que castra direitos dos cidadãos e
tolera abusos do tipo dos esquadrões
da morte. O Brasil e as autoridades
internacionais com interesse no que
ocorre na Colômbia devem estar bastante atentos a esse possível "efeito
colateral" da guerra civil. Mas não
devem hesitar em prestar apoio à
ofensiva militar contra a guerrilha.
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