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FERNANDO RODRIGUES
Lula e a esquerda nos EUA
BRASÍLIA - A centenária publicação de esquerda "The Nation", de Nova
York, traz um interessante artigo na
sua edição eletrônica mais recente.
Pode ser encontrado na internet no
endereço www.thenation.com.
O texto é do analista político Steve
Cobble. O título é uma pergunta: "A
mais importante eleição de 2002?". A
resposta vem logo no primeiro parágrafo: "É a do Brasil".
Por quê? Porque, entre outras razões, será mais uma vez uma decisão
de um país sob "chantagem" do sistema bancário internacional. Aí o texto começa a ficar curioso, respaldado
pela renomada publicação de esquerda. O único candidato citado, e de
maneira bem positiva, é Lula (PT).
Até aí, tudo bem.
Em tom raivoso, Steve Cobble relata um fato. Afirma que os bancos
pressionam. Seria como se dissessem:
"Se vocês elegerem o Lula, nós vamos
interromper nossos empréstimos, vamos rebaixar suas avaliações de crédito e jogaremos a economia brasileira no caos".
Cobble está certo no atacado, mas
errado ao pintar Lula de forma idílica como o grande adversário dos
bancos. A direção do PT foge como o
diabo da cruz quando alguém enfatiza essa suposta incompatibilidade. O
PT deseja ser aceito. Não quer briga
nem confronto.
Um banqueiro do JP Morgan Chase, "eleitor" de José Serra, diz tudo sobre um eventual governo petista: "O
Lula presidente terá de ser mais católico do que o papa".
Traduzindo: se José Serra contentaria os bancos com um superávit nas
contas públicas de 4% do PIB, Lula
teria de fazer muito mais. Os banqueiros vão exigir. Acham que vão
arrancar do PT posições mais ortodoxas do que as de Delfim Netto. Há
exemplos históricos dessa tese. Foi Nixon, e não um democrata, que reatou
as relações dos EUA com a China.
Aqui, o PT poderá fazer o caminho
inverso na economia.
Mas muita gente na esquerda ainda não percebeu nada disso. Nem
mesmo na esquerda dos EUA, representada pela "The Nation".
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