São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Escola é o professor
MAURO DE SALLES AGUIAR
O que explica, então, o sucesso desses três sistemas educacionais, de países com cultura, economia e sistemas políticos tão diferentes? Nos três países, conhecendo as escolas, você logo percebe a incrível motivação dos professores, o foco do docente e da administração escolar na razão de tudo -o aluno-, a enorme valorização do professor pela sociedade. O grande problema da educação pública brasileira, e particularmente de São Paulo, não é a qualidade dos prédios escolares. Na maioria das vezes, são iguais ou melhores do que os que encontrei na Coréia e em Taiwan e muito superiores aos de Cuba. O grande problema está, de um lado, na valorização insuficiente do professor pelo poder público e, de outro, em uma baixíssima cobrança por esse mesmo poder público. Essa valorização deveria ser representada por programas de capacitação permanente, avaliação e premiação na remuneração e na carreira dos melhores e mais dedicados, premiação dos que se dispusessem a lecionar nas regiões mais necessitadas, premiação por permanência em uma mesma escola, dando continuidade aos projetos pedagógicos. Maximizar os salários e minimizar privilégios absurdos -como aposentadorias precoces que retiram prematuramente os mais experientes e qualificados professores do sistema público, limitações corporativas de jornadas de trabalho que levam em conta tudo, menos o aluno, e o inacreditável "direito" do professor de dar um número determinado de faltas por ano, uma tragédia para qualquer projeto pedagógico. Educação de qualidade significa recursos humanos de qualidade, remunerados adequadamente, mas também igualmente cobrados. Ninguém de bom senso irá negar a importância e a prioridade da construção de centros culturais e esportivos nas áreas mais carentes da cidade, mas, por favor, não com as verbas da educação. Apesar de, no Estado e no município de São Paulo, a legislação obrigar que o elevado percentual de 30% das receitas de impostos seja destinado à educação, o valor anual resultante em reais por aluno ainda é baixo. Para dar uma idéia, representa cerca de 10% do custo anual de um aluno de uma escola privada de elite no município de São Paulo. Educação de qualidade é cara, e os limitados recursos têm de ser destinados com prioridade ao fator que realmente faz a diferença, o professor. E a sociedade deve, através do poder público, cobrar do professor todo o retorno do investimento que está sendo feito. Mauro de Salles Aguiar, diretor-presidente do Colégio Bandeirantes, é membro do Conselho de Educação do Estado de São Paulo. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Celso Amorim: Um brasileiro a serviço da paz Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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