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CRIANÇAS ARMADAS
O crescimento do número de armas
encontradas com menores de idade
no Distrito Federal indica que ainda
há muito a avançar no controle do
porte e venda de armas de fogo no
país. Pelo menos 40% das armas
apreendidas este ano no DF estavam
em poder de crianças e adolescentes,
que, em sua maioria, se envolveram
em crimes graves, como roubos e assaltos seguidos de mortes.
Segundo a Delegacia da Criança e
do Adolescente do Distrito Federal, o
flagrante de menores armados vem
se tornando comum. A novidade, porém, estaria no fato de crianças estarem levando revólveres para escolas.
Apenas na semana passada, foram
registrados dois casos de menores
armados em estabelecimentos de ensino. No mais grave deles, um garoto
de 13 anos atirou no diretor de seu
colégio, que decidira transferi-lo para outra escola por indisciplina.
O revólver, segundo o menino contou, teria sido comprado por R$ 300,
em uma feira que comercializa mercadorias roubadas.
O caso é emblemático de uma situação que obviamente não se restringe
a Brasília. Em São Paulo, por exemplo, cerca de 8% dos paulistanos declaram ter armas de fogo. Boa parte
delas é roubada e, uma vez revendida, alimenta o comércio de armas ilegais e a criminalidade, além de ampliar a possibilidade de contato de
adolescentes com armas.
Por outro lado, lamentavelmente, o
maior rigor da lei do porte ilegal de
armas tem tido, ao que parece, um
efeito perverso. A punição de infratores maiores de 18 anos com prisão,
sem liberdade mediante fiança, tem
levado muitos deles a estimular a
participação de menores em crimes.
Muitas vezes, a arma fica com o
adolescente, geralmente ainda mais
sujeito à inconstância e à inconsequência. Ao mesmo tempo, ele tem
maiores chances de ser liberado, por
estar protegido pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Não se trata certamente de condenar o estatuto ou a lei contra o porte
ilegal de armas. E sim de criticar a
falta de fiscalização eficaz, o que dificulta o cumprimento da lei.
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