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Não é para qualquer um
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Vocês já imaginaram Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury governando São Paulo sem o Banespa, a
Telesp e a Cesp? E sem a CPFL, a Eletropaulo, a Sabesp, a Fepasa e a Ceagesp?
O governo deles seria outro. Provavelmente, as suspeitas, denúncias e
processos também. Não haveria banco
para emitir moeda nem milhares de
cargos para preencher, empresas para
contratar, agentes de negócios em cada esquina. Uma maravilha!
Pela própria tendência mundial neste fim de século, pelo projeto do governo Fernando Henrique Cardoso e até
pela ação do agora licenciado governador Mário Covas (que resistiu bravamente às privatizações, mas entregou os pontos), todas essas empresas
estão deixando de ser estatais.
Um dia saberemos se para o bem ou
para o mal, mas o Banespa está federalizado, e a Telesp, do sistema Telebrás, já foi a leilão. As outras foram
ou vão no mesmo caminho.
O futuro e os próximos governantes,
portanto, não terão as fontes de poder
e de recursos fantásticas de hoje. Serão
obrigados a contar cada tostão do Orçamento para investir nas áreas típicas da administração pública, como
saúde e educação. E a fiscalização ficará muito mais fácil.
Um dos pânicos de Covas e de seus
aliados é que ele tenha consumido todo o seu governo saneando o Estado,
engolindo em seco as privatizações,
demitindo funcionários... para dar de
bandeja para seus adversários.
Pelo Datafolha publicado ontem,
Francisco Rossi está na frente, com
28%, e em ascensão. Paulo Maluf caiu
de 25% para 23%. Covas, que tinha
dado um pulo para 18%, recuou para
16%. Marta Suplicy está com 9%.
Quércia, com 8%.
Diante do exposto, qualquer um deles pode ser governador de São Paulo
sem muito risco. Até Rossi, com a vantagem de conversar com Deus.
Certo? Errado. Acabar com a atual
montoeira de siglas estatais certamente reduz a taxa de corrupção. Mas o
que "sobra" é o principal Estado do
país, com Orçamento anual de bilhões
de reais e 35 milhões de habitantes.
Com ou sem bancos e estatais, definitivamente não é para qualquer um.
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