São Paulo, quinta, 20 de agosto de 1998

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Não é para qualquer um

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Vocês já imaginaram Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury governando São Paulo sem o Banespa, a Telesp e a Cesp? E sem a CPFL, a Eletropaulo, a Sabesp, a Fepasa e a Ceagesp?
O governo deles seria outro. Provavelmente, as suspeitas, denúncias e processos também. Não haveria banco para emitir moeda nem milhares de cargos para preencher, empresas para contratar, agentes de negócios em cada esquina. Uma maravilha!
Pela própria tendência mundial neste fim de século, pelo projeto do governo Fernando Henrique Cardoso e até pela ação do agora licenciado governador Mário Covas (que resistiu bravamente às privatizações, mas entregou os pontos), todas essas empresas estão deixando de ser estatais.
Um dia saberemos se para o bem ou para o mal, mas o Banespa está federalizado, e a Telesp, do sistema Telebrás, já foi a leilão. As outras foram ou vão no mesmo caminho.
O futuro e os próximos governantes, portanto, não terão as fontes de poder e de recursos fantásticas de hoje. Serão obrigados a contar cada tostão do Orçamento para investir nas áreas típicas da administração pública, como saúde e educação. E a fiscalização ficará muito mais fácil.
Um dos pânicos de Covas e de seus aliados é que ele tenha consumido todo o seu governo saneando o Estado, engolindo em seco as privatizações, demitindo funcionários... para dar de bandeja para seus adversários.
Pelo Datafolha publicado ontem, Francisco Rossi está na frente, com 28%, e em ascensão. Paulo Maluf caiu de 25% para 23%. Covas, que tinha dado um pulo para 18%, recuou para 16%. Marta Suplicy está com 9%. Quércia, com 8%.
Diante do exposto, qualquer um deles pode ser governador de São Paulo sem muito risco. Até Rossi, com a vantagem de conversar com Deus.
Certo? Errado. Acabar com a atual montoeira de siglas estatais certamente reduz a taxa de corrupção. Mas o que "sobra" é o principal Estado do país, com Orçamento anual de bilhões de reais e 35 milhões de habitantes.
Com ou sem bancos e estatais, definitivamente não é para qualquer um.



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