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O carro de Lula
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - Já foi observado, por
alguns entendidos em coisas da política eleitoral, que Lula está ficando cada vez mais parecido com FHC. Gostaria de não concordar com isso, acho
até que esse é um dado fundamental
para explicar a liderança do candidato oficial nas pesquisas. Falta um anti-FHC -falta o poste que, segundo
Delfim Netto, seria eleito facilmente.
Durante a campanha passada, estranhou-se o preço de um sítio que
FHC teria comprado. Nada de mais
que um político profissional encontre
compradores e vendedores camaradas. Elvis Presley, até mesmo depois de
morto, ainda encontra quem compre
um par de suas abotoaduras por US$
50 mil.
Não tenho certeza se o próprio Lula
estranhou ou não a transação (não a
do Elvis, mas a do FHC). O caso só não
inchou porque uma das táticas do
atual esquema de poder é deixar as
coisas serem esquecidas. O maníaco
do parque fez esquecer a filha da Xuxa, a qual fez esquecer o assassinato
da jovem Ana Carolina, assassinato
que fez esquecer o desabamento do
edifício na Barra -e assim por diante. O crime de Caim, que matou o inocente Abel, só não foi esquecido porque a Bíblia ainda é o livro mais lido
do mundo.
Felizmente, até a eleição, todos terão
esquecido o caso de Lula. Não será por
causa disso que ele perderá. Sua honestidade pessoal é um consenso, um
patrimônio dele e dos trabalhadores
brasileiros. O diabo é que sua campanha está chocha, a começar por ele.
Falta empolgação.
Lembro a final da Copa do Mundo.
Antes mesmo de Ronaldinho ter amarelado, estava no ar a vitória, a empolgação dos franceses. E a nossa tibieza. Entramos em campo para manter um conceito (o melhor futebol do
mundo), e não para vencer uma partida.
O mesmo está acontecendo com Lula. No meu entender, ele ainda é o melhor candidato. Mesmo assim, gostaria de saber como se compra um carro
como o dele por 40 mil paus.
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