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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Ciro forte

BRASÍLIA - Engana-se quem imagina que o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, ande em baixa no governo por causa de alguns recentes ataques de incontinência verbal. Gente importante no Palácio do Planalto vibrou quando o ministro classificou indiretamente o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, de "coronel".
"Se tem um ministro forte no governo, esse ministro é o Ciro", disse o presidente Lula nesta semana, quando começaram a pipocar notícias sobre a suposta insatisfação de Ciro Gomes por causa de sua eventual saída da Integração Nacional na reforma ministerial programada para o final deste ano.
O chefe da Casa Civil, José Dirceu, também falou com Ciro sobre a boataria. Entendeu tudo rapidamente. Há dois problemas que foram captados por Ciro e por Dirceu.
Primeiro, o olho gordo de uma certa parcela do PMDB nordestino em direção ao Ministério da Integração Nacional. Pasta antes desprezada, agora ficará reforçada financeiramente com a criação do fundo de desenvolvimento regional na reforma tributária. Coisa de mais de R$ 2,5 bilhões por ano -dinheiro em qualquer lugar do mundo. Uma festa para a fisiologia peemedebista.
O segundo problema é o partido de Ciro Gomes, o PPS -nome atual do antigo PCB. A sigla elegeu apenas 15 deputados. Tende a sumir do mapa eleitoral. Em 2006, só terão amplo acesso à TV e estrutura de liderança no Congresso as agremiações que obtiverem, entre outras exigências, 5% do total de votos para deputado federal em todo o país.
Certo ou errado, Ciro quer cooptar deputados para o PPS. Roberto Freire é contra, manda na burocracia partidária, impede filiações, mas só comanda dois ou três congressistas.
Prestigiado por Lula, a única dúvida sobre Ciro Gomes no governo é se vale a pena ele continuar a lutar contra Freire ou se seria melhor o ministro ir de uma vez para outro partido -inclusive para o próprio PT.


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