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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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DISCURSO ANTI-SEMITA

As declarações do premiê da Malásia, Mahathir Mohamad, acerca dos judeus, proferidas na Organização da Conferência Islâmica, não deixam dúvidas sobre o anti-semitismo professado por esse governante. De fato, Mahathir dirigiu-se ao fórum para conclamar os muçulmanos a se unirem contra a "dominação dos judeus sobre o mundo". Segundo a versão do premiê, "o socialismo, o comunismo, os direitos humanos e a democracia" teriam sido invenções judaicas para evitar perseguições e controlar alguns dos países mais importantes do planeta.
As palavras de Mahathir poderiam ser classificadas simplesmente como farsescas, não fossem além disso perigosas e preconceituosas. O episódio provocou constrangimentos, gerando protestos de líderes judeus e do governo alemão, que emitiu nota a respeito. A Chancelaria da Malásia pediu desculpas pelos eventuais mal-entendidos e ofensas.
Curiosamente, a estratégia de ataque do premiê aos judeus seguiu o caminho da censura à incompetência do mundo árabe para enfrentar Israel. "Por mais de meio século nós estamos lutando na Palestina. E o que conseguimos? Nada. Estamos piores do que antes. Se tivéssemos parado para pensar, então poderíamos ter elaborado um plano, uma estratégia que nos levasse à vitória", declarou ele, recebendo aplausos.
Se aqueles que compartilham as idéias de Mahathir efetivamente parassem para pensar, talvez concluíssem que o projeto de uma vitória árabe dificilmente será atingido com conclamações, mesmo que enviesadas, ao enfrentamento.
Alimentar a idéia da expulsão dos judeus do Estado do Israel (como deseja parte da militância muçulmana) definitivamente não parece ser a saída mais inteligente para o conflito. A situação exige um esforço das partes envolvidas e da comunidade internacional para que se chegue a um acordo de compromisso que leve à paz.


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