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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Propaganda oficial

BRASÍLIA - O jornal inglês "The Guardian" noticiou na semana passada que o prefeito de Londres, Ken Livingstone, está sob ataque da oposição. A razão: ele gastou 18,5 milhões de libras nos últimos 12 meses com publicidade. Uma dinheirama equivalente a R$ 87,4 milhões.
No Brasil não é muito diferente, mas um pouco pior. Primeiro, é raro ter conotação de escândalo a divulgação de valores altos com propaganda de governo. Já é uma praxe nacional. Segundo, aqui os custos de produção e veiculação de publicidade tendem a ser menores que numa cidade como Londres. Em solo brasileiro, com menos dinheiro pode-se obter a mesma visibilidade que o prefeito Livingstone conseguiu na Inglaterra.
Tome-se o caso da maior capital brasileira, São Paulo. Marta Suplicy (PT) gastou R$ 46,4 milhões em propaganda em 2002, segundo dados fornecidos pela prefeitura. Neste ano, o valor já é de R$ 39,7 milhões.
É impossível existir um ser humano que tenha visitado São Paulo nos últimos meses sem ter topado com um outdoor ou outro tipo de publicidade da gestão petista.
O governo tucano do Estado de São Paulo também tem gastos expressivos com publicidade. Em 2002, Geraldo Alckmin torrou R$ 89,9 milhões, incluídos os custos de marketing e assessoria de imprensa, que não são divulgados em separado.
No governo federal, sabe-se que a cifra total anual está na casa de R$ 1 bilhão ou um pouco mais.
Por que um país miserável e desgraçado como o Brasil precisa gastar tanto com publicidade oficial?
Os petistas eram críticos desse tipo de gasto. Hoje, no "establishment", têm outra opinião. "O Estado tem a obrigação de informar sobre os serviços que oferece, os direitos do cidadão e como o dinheiro público está sendo gasto", diz José Américo, secretário de Comunicação de Marta Suplicy.
O argumento petista é idêntico ao usado historicamente por tucanos, peemedebistas e pefelistas. Como o PT está no poder, faz sentido.


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