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FERNANDO RODRIGUES
Propaganda oficial
BRASÍLIA - O jornal inglês "The Guardian" noticiou na semana passada que o prefeito de Londres, Ken
Livingstone, está sob ataque da oposição. A razão: ele gastou 18,5 milhões
de libras nos últimos 12 meses com
publicidade. Uma dinheirama equivalente a R$ 87,4 milhões.
No Brasil não é muito diferente,
mas um pouco pior. Primeiro, é raro
ter conotação de escândalo a divulgação de valores altos com propaganda de governo. Já é uma praxe nacional. Segundo, aqui os custos de produção e veiculação de publicidade
tendem a ser menores que numa cidade como Londres. Em solo brasileiro, com menos dinheiro pode-se obter
a mesma visibilidade que o prefeito
Livingstone conseguiu na Inglaterra.
Tome-se o caso da maior capital
brasileira, São Paulo. Marta Suplicy
(PT) gastou R$ 46,4 milhões em propaganda em 2002, segundo dados
fornecidos pela prefeitura. Neste ano,
o valor já é de R$ 39,7 milhões.
É impossível existir um ser humano
que tenha visitado São Paulo nos últimos meses sem ter topado com um
outdoor ou outro tipo de publicidade
da gestão petista.
O governo tucano do Estado de São
Paulo também tem gastos expressivos com publicidade. Em 2002, Geraldo Alckmin torrou R$ 89,9 milhões,
incluídos os custos de marketing e assessoria de imprensa, que não são divulgados em separado.
No governo federal, sabe-se que a
cifra total anual está na casa de R$ 1
bilhão ou um pouco mais.
Por que um país miserável e desgraçado como o Brasil precisa gastar
tanto com publicidade oficial?
Os petistas eram críticos desse tipo
de gasto. Hoje, no "establishment",
têm outra opinião. "O Estado tem a
obrigação de informar sobre os serviços que oferece, os direitos do cidadão
e como o dinheiro público está sendo
gasto", diz José Américo, secretário
de Comunicação de Marta Suplicy.
O argumento petista é idêntico ao
usado historicamente por tucanos,
peemedebistas e pefelistas. Como o
PT está no poder, faz sentido.
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