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Cautela arriscada
NÃO FOI surpresa a decisão
de quarta-feira do Comitê de Política Monetária
de manter a taxa de juros básica
em 11,25% ao ano. Em comunicados recentes, o Banco Central
já havia sinalizado que interromperia, pela primeira vez desde setembro de 2005, o processo de
redução da Selic. A preocupação
externada pelo BC nesses documentos residia nos riscos inflacionários associados ao aquecimento do consumo doméstico.
A despeito disso, uma parcela
considerável dos analistas julgava que o BC optaria por mais
uma redução de 0,25 ponto percentual. A razão básica era a avaliação de que, embora ponderáveis, as justificavas técnicas para
uma pausa no corte de juros vinham se enfraquecendo. Em
particular, os resultados dos índices de preços, bem como as expectativas de inflação, revelavam
uma trajetória mais favorável
nas últimas semanas.
Cabe agora observar de que
maneira a decisão do BC afetará
a economia. Uma fonte de preocupação é saber que impacto a
opção da política monetária pela
cautela terá sobre a disposição
das empresas para continuar aumentando seus investimentos
na expansão da capacidade produtiva. Uma freada nos investimentos seria nefasta -até porque agravaria o risco de surgimento, mais à frente, de descompassos entre a oferta e a demanda, capazes de dificultar o controle da inflação.
Outro aspecto que merece
atenção é o câmbio. Conjugada à
perspectiva de nova redução na
taxa de juros nos EUA, a interrupção do corte da Selic realimentou a pressão de valorização
do real. A curto prazo, a subida
da moeda nacional é sempre um
potente fator antiinflacionário.
A longo prazo, porém, é um elemento de corrosão da competitividade capaz de prejudicar o dinamismo da economia.
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