São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Cautela arriscada

NÃO FOI surpresa a decisão de quarta-feira do Comitê de Política Monetária de manter a taxa de juros básica em 11,25% ao ano. Em comunicados recentes, o Banco Central já havia sinalizado que interromperia, pela primeira vez desde setembro de 2005, o processo de redução da Selic. A preocupação externada pelo BC nesses documentos residia nos riscos inflacionários associados ao aquecimento do consumo doméstico.
A despeito disso, uma parcela considerável dos analistas julgava que o BC optaria por mais uma redução de 0,25 ponto percentual. A razão básica era a avaliação de que, embora ponderáveis, as justificavas técnicas para uma pausa no corte de juros vinham se enfraquecendo. Em particular, os resultados dos índices de preços, bem como as expectativas de inflação, revelavam uma trajetória mais favorável nas últimas semanas.
Cabe agora observar de que maneira a decisão do BC afetará a economia. Uma fonte de preocupação é saber que impacto a opção da política monetária pela cautela terá sobre a disposição das empresas para continuar aumentando seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Uma freada nos investimentos seria nefasta -até porque agravaria o risco de surgimento, mais à frente, de descompassos entre a oferta e a demanda, capazes de dificultar o controle da inflação.
Outro aspecto que merece atenção é o câmbio. Conjugada à perspectiva de nova redução na taxa de juros nos EUA, a interrupção do corte da Selic realimentou a pressão de valorização do real. A curto prazo, a subida da moeda nacional é sempre um potente fator antiinflacionário. A longo prazo, porém, é um elemento de corrosão da competitividade capaz de prejudicar o dinamismo da economia.


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