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INTERFERÊNCIAS DOS EUA
A cortesia diplomática com
que os norte-americanos vão
tratando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva contrasta com duas
ações de Washington contra interesses comercias brasileiros tomadas
recentemente. Os americanos se intrometeram em assuntos de comércio entre o Brasil e o Canadá e entre o
Brasil e a Colômbia, causando prejuízos para os brasileiros.
Com os canadenses, Brasília conseguiu reconstruir uma ponte comercial depois do trauma nas relações bilaterais causado pela disputa
entre as fabricantes de aviões Embraer e Bombardier. Tratava-se de
um acordo que reabriria o mercado
daquele país ao frango brasileiro.
Mas os americanos, alegando temores de que a carne pudesse estar contaminada com o vírus de New Castle,
impediram os compradores canadenses do frango brasileiro de exportarem para os EUA. Registre-se que o
Brasil cumpriu exigências sanitárias
para poder voltar a vender para o Canadá. A medida, na prática, inviabiliza o acordo com os canadenses.
O segundo evento recente de interferência dos EUA mistura interesses
comerciais com geopolíticos. Um
mês depois de um general dos EUA
ter recomendado à Colômbia a revisão de uma compra de 40 aviões da
Embraer, Bogotá anunciou a suspensão das negociações com a empresa de São José dos Campos. Os
americanos são financiadores das
ações dos militares colombianos no
combate ao narcotráfico e, por tabela, aos guerrilheiros das Farc.
As demonstrações de cordialidade
da diplomacia americana com o futuro governo Lula parecem não significar que Washington venha a facilitar a consecução dos interesses brasileiros, seja no campo comercial, seja no geoestratégico. Pelo contrário,
os EUA parecem dispostos a ampliar
ainda mais sua influência militar e
econômica na América do Sul. O
Brasil precisa de estratégia e de parcerias para tentar conter esse ímpeto.
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