São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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MOTIVO FRÁGIL

A inflação ao consumidor na cidade de São Paulo revelou neste início de ano aceleração maior do que a esperada pela maioria dos analistas. O resultado, apurado pelo IPC-Fipe, já suscitou recomendações de cautela ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que determinará hoje a taxa básica de juros (Selic) que irá vigorar nas próximas quatro semanas.
Os analistas mais conservadores recomendam ao BC optar por uma redução de apenas 0,5 ponto percentual, o que levaria a taxa Selic a 16% ao ano -nível ainda muito elevado, por qualquer parâmetro.
No entanto, o alarme suscitado pela alta da inflação parece claramente excessivo. Os aumentos de preços que tiveram maior peso na aceleração do IPC-Fipe são em sua maioria de caráter sazonal (caso de alguns alimentos) ou episódico (como os aumentos de pedágio nas rodovias) -e portanto não tenderão a se repetir nas próximas apurações.
Mesmo os aumentos das mensalidades escolares e dos preços de veículos novos não são realmente preocupantes para as perspectivas de controle da inflação, pois parecem refletir muito mais pressões de custos (salariais, no primeiro caso; de matérias primas, com destaque para o aço, no segundo) do que uma demanda excessivamente aquecida.
Um ou outro resultado circunstancialmente menos favorável dos índices de preços não deveria impedir o BC de perceber que as condições da economia brasileira seguem bastante propícias a uma redução mais substancial dos juros.
Continua grande a tranqüilidade quanto ao cumprimento da meta de inflação. Há dois meses a mediana das projeções do mercado, apurada pelo BC, oscila entre 5,9% e 6%, bem perto da meta oficial de 5,5%.
Não há, portanto, motivo para maior cautela em relação ao comportamento dos preços -o que dá ao BC margem para cortar os juros de forma mais agressiva, o que seria um estímulo importante para uma recuperação mais firme e generalizada da atividade econômica.


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