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MOTIVO FRÁGIL
A inflação ao consumidor na
cidade de São Paulo revelou
neste início de ano aceleração maior
do que a esperada pela maioria dos
analistas. O resultado, apurado pelo
IPC-Fipe, já suscitou recomendações
de cautela ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
(BC), que determinará hoje a taxa básica de juros (Selic) que irá vigorar
nas próximas quatro semanas.
Os analistas mais conservadores
recomendam ao BC optar por uma
redução de apenas 0,5 ponto percentual, o que levaria a taxa Selic a 16%
ao ano -nível ainda muito elevado,
por qualquer parâmetro.
No entanto, o alarme suscitado pela alta da inflação parece claramente
excessivo. Os aumentos de preços
que tiveram maior peso na aceleração do IPC-Fipe são em sua maioria
de caráter sazonal (caso de alguns
alimentos) ou episódico (como os
aumentos de pedágio nas rodovias)
-e portanto não tenderão a se repetir nas próximas apurações.
Mesmo os aumentos das mensalidades escolares e dos preços de veículos novos não são realmente preocupantes para as perspectivas de
controle da inflação, pois parecem
refletir muito mais pressões de custos (salariais, no primeiro caso; de
matérias primas, com destaque para
o aço, no segundo) do que uma demanda excessivamente aquecida.
Um ou outro resultado circunstancialmente menos favorável dos índices de preços não deveria impedir o
BC de perceber que as condições da
economia brasileira seguem bastante propícias a uma redução mais
substancial dos juros.
Continua grande a tranqüilidade
quanto ao cumprimento da meta de
inflação. Há dois meses a mediana
das projeções do mercado, apurada
pelo BC, oscila entre 5,9% e 6%, bem
perto da meta oficial de 5,5%.
Não há, portanto, motivo para
maior cautela em relação ao comportamento dos preços -o que dá ao
BC margem para cortar os juros de
forma mais agressiva, o que seria um
estímulo importante para uma recuperação mais firme e generalizada da
atividade econômica.
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