São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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APENAS A LARGADA

Começou de forma surpreendente a corrida pela indicação do Partido Democrata para disputar contra George W. Bush a Presidência dos EUA. Contrariando pesquisas e análises, o vitorioso nas prévias do Estado de Iowa foi o senador John Kerry (Massachusetts), com cerca de 38% dos delegados escolhidos nas assembléias partidárias (caucuses). Em segundo, veio o senador John Edwards (Carolina do Norte), com 32%. O ex-governador de Vermont Howard Dean, tido como favorito, amargou um distante terceiro lugar, com 18% dos delegados.
Como sempre ocorre nessas situações, já surgem explicações "infalíveis" para a "irresistível ascensão" de Kerry, bem como para o "iminente naufrágio" da candidatura Dean. Lembrando que o Iowa é apenas um dos 50 Estados norte-americanos e que a disputa acaba de começar, parece mais prudente evitar vaticínios definitivos e esperar pelos próximos Estados. Na próxima terça, será a vez de New Hampshire.
Uma análise verossímil para os resultados de Iowa sugere que o eleitor democrata, cuja preferência até aqui vinha, segundo as pesquisas, recaindo sobre o "radical" Dean, o mais anti-Bush dos pré-candidatos, teve um acesso de pragmatismo. De acordo com essa explicação, o eleitor democrata está inclinado a avaliar também a viabilidade do candidato, o que favorece postulantes de perfil mais conservador como Kerry, herói de guerra, senador veterano e dono de uma personalidade menos estridente do que Dean, visto por muitos como excessivamente liberal.
Seja como for, mal foi dada a largada na corrida pela sucessão de George W. Bush. Os resultados de Iowa são mais importantes pela visibilidade que dão aos vencedores do que pelo número de delegados que trazem, que ainda pode mudar bastante. E, na disputa pelo favor do eleitor democrata, tudo segue tão indefinido quanto estava antes de Iowa.


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