São Paulo, quinta, 21 de janeiro de 1999

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PAINEL DO LEITOR

Economia e medicina
"É notável como os economistas brasileiros são irresponsáveis. Imagino se médicos seriam capazes de insistir numa estratégia de trabalho errada somente para suportar a situação política de seu superior. As mudanças que se materializaram na semana passada demonstram que o plano anteriormente executado era fundamentado em um brutal empobrecimento do país.
Seria interessante que os analistas econômicos fizessem os cálculos de quantos bilhões de dólares teríamos economizado se houvéssemos realizado o ajuste cambial, tão defendido pela oposição, em época em que já se tornava óbvia essa necessidade."
Cláudio Heitor Tavares Gress (Rio de Janeiro, RJ)

PSB
"Em reportagem publicada na Folha de ontem (Brasil), foi-me atribuída a condição de presidente estadual do PSB de São Paulo. A informação não é correta, pois o PSB paulista, cuja direção realmente integro, é presidido pelo companheiro Gilson Menezes, prefeito municipal de Diadema, que, por se encontrar licenciado, está sendo substituído nas suas funções partidárias pelo companheiro Jacó Bittar."
Pedro Dallari, deputado estadual pelo PSB-SP (São Paulo,SP)

Nota da Redação - Leia a seção "Erramos", abaixo.

A mãe dos Estados
"FHC fala da União como se ela fosse "mãe' dos Estados. A União é a soma dos Estados! A União não faz favores aos Estados, assim como minha cabeça não faz favores ao dedão do meu pé!
Se os Estados decidirem que é a União (todos juntos) que deve pagar isso ou aquilo, perfeito! O grande problema deste país é que esse ente abstrato chamado União anda destruindo os Estados! É como se minha alma estivesse destruindo meu corpo, obrigando-o a tomar veneno. Estará a alma possuída por "forças do mal'?"
Rafael Tristão Pepino (Cascavel, PR)

Despedida
"Alguém tem algum convite para o baile da Ilha Fiscal?"
Antonio Carlos Dantas (Santos, SP)

Turbulência no câmbio
"Depois de ser anunciado que não haveria mudança alguma na banda cambial, aumenta-se a faixa de flutuação. Depois deixa-se o câmbio flutuar livremente. Era tudo o que precisávamos para reconquistar a confiança dos investidores. Seria de grande ajuda estabelecer um plano de ação para que não parecêssemos cegos em tiroteio.
O real, poderosa moeda latino-americana está mostrando seu real poder de se desmaterializar."
Roger Vieira (São Paulo, SP)

Gratificação parlamentar
"No intuito de mostrar a "moralidade' que envolve as "negociatas de gabinete', o deputado federal Elias Murad revela, orgulhosamente, que a direção da Câmara propôs gratificação de R$ 4.000 ao parlamentar não-reeleito que entregasse o seu gabinete antes do dia 31/12 ("Painel do Leitor', 19/1).
Verdadeiro exemplo de que eles, os representantes do povo e da democracia, estão acostumados a só fazer alguma coisa, até o mais elementar, em troca de vantagens. Revoltante!"
José Cláudio Zan (Vargem Grande do Sul, SP)

Imprensa
"Sensacional a definição de José Simão, na Folha de 15/1 (Ilustrada), sobre a atuação da imprensa na atual conjuntura brasileira: "A imprensa fica pintando tudo de cor-de-rosa, até o país ficar à beira do penhasco. A imprensa parece aqueles violinistas do Titanic, que ficam tocando até o barco afundar'. Brilhante!"
Giovane Serra Azul Guimarães (São Paulo, SP)

Polícia Militar
"Eis aí um ouvidor que fala muito e ouve mal. O comentário se refere à nota publicada no "Painel' (pág. 1-4, Brasil) de 19/1, sob o título "Tiroteio', segundo a qual o sr. Benedito Mariano teria, mais uma vez e como de hábito, criticado a PM paulista.
De sua confortável poltrona, fica muito fácil para o ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo formular hipóteses e explicar os problemas que envolvem a segurança pública. Que tal se instalar na boléia de uma viatura e acompanhar durante alguns dias o trabalho dos policiais nessas madrugadas tenebrosas da periferia da capital?
Por outro lado, explicar o suicídio de PMs como resultado de abuso de poder dentro dos quartéis é outra forma simples e cômoda de ver as coisas. Até que ponto não contribuiu ele para que hoje se situasse em tão baixo nível a auto-estima dos milicianos? E que entende do que se passa nos quartéis, ele que só os visita em dias de solenidades festivas?"
Geraldo de Menezes Gomes, presidente do Clube dos Oficiais da Polícia Militar (São Paulo, SP)

Cortes na educação
"Estamos no meio de um dos maiores turbilhões econômicos já vividos no Brasil. Nesse contexto, o governo federal, em nome do ajuste fiscal e orçamentário, tem feito grandes cortes nas contas do país. Em boa parte, entendemos e aprovamos. Mas, quando se tem notícia de que o orçamento das universidades será, novamente, diminuído, chegando ao ponto de elas não terem como pagar água e luz, não temos com o que contemporizar.
Sr. presidente, por favor (não posso ter vergonha de suplicar), em nome do futuro deste país, não deixe que a universidade brasileira desfaleça e morra. Talvez o sr. não saiba, mas grande parte das soluções para nosso país está na academia. Acredite."
Welton Danner Trindade, diretor da Associação dos Alunos de Baixa Renda da UnB (Brasília, DF)

Exército inseguro
"Pela segunda vez em menos de dois meses, foi assaltada uma agência bancária no interior do Comando Militar do Leste, um órgão do Exército brasileiro comandado por um general-de-exército e guardado por quase cem soldados, 24 horas por dia. Que Deus nos livre da guerra."
Antonio Leonardo de Almeida Moura da Costa (Niterói, RJ)

Memória
"Lembro-me da tentativa de levar Nelson Werneck Sodré ao departamento de história da USP, quando a chefe do departamento de então afirmou que não permitiria em "sua' faculdade uma reunião do "Partidão'.
Lembro-me ainda de quando, finalmente, se conseguiu levá-lo, já sob os ares da abertura política, e, no anfiteatro lotado, ao ser provocado com uma pergunta sobre o fato histórico mais importante da história do Brasil, ele respondeu, sob aplausos, que o fato histórico mais importante da história do Brasil ainda não havia ocorrido.
O historiador Nelson Werneck Sodré foi um dos maiores brasileiros deste terrível século, também chamado dos extremos por outro grande historiador. Um brasileiro do qual podemos nos orgulhar, concordando ou não com ele, e que demonstrou ser possível a integridade intelectual e moral nas maiores adversidades."
Martin Cezar Feijó (São Paulo, SP)



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