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OFENSIVA SANGRENTA
É criminosa a ação do Exército
de Israel na faixa de Gaza. Numa operação de objetivos militarmente discutíveis, para não dizer
despropositados, várias dezenas de
palestinos e 13 soldados israelenses
perderam a vida ao longos dos últimos dias. O horror atingiu seu clímax anteontem, quando um helicóptero e um tanque abriram fogo
contra manifestantes palestinos no
campo de refugiados de Rafah, matando pelo menos dez pessoas, incluindo várias crianças.
Pode-se admitir que os disparos
não tinham o objetivo de acertar os
palestinos, mas de dispersá-los. Ainda assim o Exército de Israel deve ser
responsabilizado pelas mortes, pois
tragédias como essa sempre acabam
ocorrendo quando se utiliza armamento de guerra em áreas densamente povoadas por civis.
Para agravar o quadro, Israel segue
com suas operações em Rafah e
mantém seus planos de demolir casas de palestinos supostamente utilizadas no contrabando de armas. É
claro que o Estado judeu tem o direito de se defender contra o terrorismo, mas a destruição de centenas de
lares se assemelha mais a uma punição coletiva do que a uma ação eficaz
de segurança.
Fica a sensação de que o premiê israelense, Ariel Sharon, está empilhando cadáveres palestinos como
parte de um bizarro jogo de cena para seus correligionários do Likud, o
partido do governo. Depois que sua
proposta de retirada unilateral de
Gaza foi derrotada no referendo interno do Likud, o premiê tenta mostrar que sabe ser duro com os palestinos. Um dos argumentos da facção
contrária a Sharon é o de que a retirada representaria uma rendição ao
terrorismo palestino.
A estratégia do premiê mostra-se
ainda mais patética quando se considera que Sharon não precisa do
apoio dos radicais do Likud para
abandonar Gaza, proposta que conta com sólido apoio da população israelense, além do aval dos EUA, da
União Européia e da ONU.
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