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FERNANDO RODRIGUES
Auto-armadilha
BRASÍLIA - Equacionar a Previdência pública no Brasil depende da
criação de um sistema justo e viável
para futuros servidores. Não é um
problema pequeno.
Há no Brasil 456,6 mil funcionários
públicos do Poder Executivo na ativa
(exceto militares, integrantes do Banco Central, Ministério Público da
União, empresas estatais e sociedades
mistas). Desses, 51.903 entraram durante os oitos anos de FHC. Se o país
tivesse um bom modelo para novos
servidores desde o início da era tucana, o pepino hoje seria menor.
Mesmo com sua timidez e ineficácia política, FHC iniciou uma reforma razoável para os futuros servidores. A emenda constitucional número
20, de 1998, tornou possível fixar as
regras de fundos de pensão complementar para os novos funcionários
da União, Estados e municípios por
meio de lei complementar. O PT quer
retirar esse item da Constituição.
Esse foi o erro trágico petista.
O governo de Lula criou uma auto-armadilha ao enterrar a saída menos
complexa. Era mais fácil resolver a
Previdência para os novos servidores
com uma lei complementar -o hoje
defunto PL9.
Ocorre que o PL9 havia se transformado em uma das principais bandeiras dos sindicatos. Previa apenas fundos com contribuição definida. Os
servidores -e os petistas à moda antiga- só aceitam o sistema de benefício definido (que no final dá a aposentadoria integral).
Querendo fazer um truque (fingir
que o PL9 era desnecessário e tirar
uma bandeira dos radicais), o PT
conseguiu uma encrenca (o assunto
ressuscitou com mais força).
No PL9, já em fase final de votação,
o benefício definido estava morto.
Agora, com a inclusão do tema na
Constituição, voltou tudo à superfície. Os juízes ameaçam com greve.
Todas as corporações querem fundos
de pensão que garantam a aposentadoria integral para seus futuros servidores. Será uma parada duríssima e
um teste de fogo para o PT.
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