São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Sinal verde para a redução dos juros LUÍS EDUARDO ASSIS
Nas suas linhas mais gerais, não é
difícil avaliar o impasse que caracterizou a economia brasileira no primeiro semestre de 2003. A rigor, nada é
novo nem inesperado. No ano passado,
todos nos recordamos, os eleitores consagraram por meio do voto uma escolha
que refletia o desejo de mudança na política econômica. Havia, acima de tudo,
o desejo de que a economia pudesse voltar a crescer de forma significativa, recuperando os salários e o emprego,
abrindo espaço para o combate às mazelas sociais e promovendo a melhoria
na distribuição de renda. Tudo isso sem
provocar o retorno da inflação. Uma espécie de "óleo de cobra".
A inflação também tem apresentado resultados muito importantes. O índice da Fipe de junho é o menor em mais de três anos. O IGPM do mês passado foi o mais baixo desde que essa medida de inflação começou a ser calculada, em 1989. Por outro lado, são evidentes os sinais de cianose da economia. A produção de veículos no segundo trimestre de 2003 foi 14,7% menor que a do trimestre anterior, já considerando as variações sazonais. A produção de papelão ondulado, tradicional indicador antecedente, caiu também 14% entre junho de 2003 e junho de 2002. A taxa de desemprego na Grande São Paulo, calculada pela Fundação Seade, alcançou 20,6% no mês passado. Em que pese a interpretação polêmica desse número, o fato é que essa é a taxa mais alta desde que a série começou a ser calculada, em 1985. Os que ficaram empregados também pouco comemoram. O rendimento médio real das pessoas ocupadas, medido pelo IBGE, caiu 6% nos últimos 12 meses, contados até maio. É hora de reduzir os juros. De certa forma, o próprio mercado financeiro já se antecipou a essa necessidade. As taxas de aplicação para um ano giram em torno de 20,5%, muito menos do que a taxa referencial para um dia, ainda em 26%. Essa inversão é muito rara e estranha na economia brasileira. A liquidez do mercado internacional, que não é definitiva, mas que é mais que um espasmo, também avaliza o corte dos juros. Quanto mais expressiva essa queda, mais rápida poderá ser a retomada do nível de atividade. Isso não resolve tudo, mas tudo é mais difícil sem isso. Todos queremos o crescimento e tudo de bom que vem com ele. Luís Eduardo Assis, 46, é diretor-executivo do HSBC Bank Brasil S.A. e diretor-superintendente do HSBC Investment Bank. Foi diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil (1991-92). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Claudio Lottenberg: Tempo de justiça social e solidariedade Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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