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CARLOS HEITOR CONY
O novo Congonhas
RIO DE JANEIRO - Está ficando bom, quase ótimo, o aeroporto de Congonhas, reformado e adaptado ao sempre crescente fluxo de passageiros.
Vem operando em regime ainda experimental, com algumas confusões e
retardos que o tempo certamente eliminará.
Como em qualquer aeroporto moderno, caminha-se demais pelos corredores, escadas rolantes e salas de
espera. O que se andava antes na pista, a pé ou naqueles ônibus sinistros,
anda-se agora em corredores pasteurizados e ainda não bem sinalizados.
Nesta semana, entrei e saí de Congonhas duas vezes, são e salvo, apesar
do pessoal de terra, mesmo com os
treinos a que foram submetidos, não
estar familiarizado com a nova rotina de embarque e desembarque.
Aumentaram os portões de saída,
um deles, o 22, foi a besta negra desta
semana inicial. No check-in, mandaram-me para o portão 7. "Nel mezzo
del camim", o alto-falante avisou que
o portão do meu vôo mudara para o
5. Quando cheguei ao 5, já era o 11.
Mandaram voltar para o 5 e, na hora
do embarque, pediram-me a presença imediata no portão 22, que fica do
outro lado do aeroporto e do globo
terrestre.
Da segunda vez, percebi que o tal
portão 22 é o buraco negro que suga
os passageiros de todos os vôos. Peregrinei novamente por vários portões
e só me senti seguro quando encarei o
22. O mesmo acontecia com outros
vôos.
Antigamente, no Rio, havia uns microônibus cor de laranja, lotações homicidas, faziam a linha Meier-Mauá,
eram personagens do cartunista Carlos Estêvão em "O Cruzeiro". Na antena do carro, havia a cabeça mumificada de passageiro e no pára-brisa
dianteiro o itinerário: Méier Ohio
Marrakesh Mauá
Lembrei desses lotações do Carlos
Estêvão. O portão 22 parecia aqueles
lotações, podia levar-me para qualquer destino. Diante dele, fiquei que
nem aquele marquês indignado que
montou em seu fogoso corcel e partiu
furioso em todas as direções.
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