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SEM REMÉDIOS
Muito se critica o governo por permitir que o Tesouro seja arrombado
por interesses corporativos. Mas
marchas à capital federal, locautes
caminhoneiros e ataques ruralistas
não devem se confundir com reclamos legítimos, mas difusos, por gastos públicos essenciais. Esse parece
ser o caso agora na área da saúde.
A regularidade da distribuição pública de medicamentos, para doentes
de Aids, tuberculose e malária, entre
outros, só poderá ser garantida, diz o
Ministério da Saúde, com suplementação de verba de R$ 218 milhões. Isso porque o orçamento do ministério
não contempla, nem poderia fazê-lo,
o encarecimento de medicamentos
causado pela alta do dólar.
Vale lembrar que, no caso da Aids,
sua letalidade diminuiu de maneira
acentuada quando os doentes passaram a ter acesso gratuito a medicamentos como os coquetéis anti-retrovirais, conquista importante da
saúde pública no Brasil.
Quanto à tuberculose, são registrados a cada ano cerca de 80 mil novos
casos no país; o combate à doença é
desde o ano passado prioridade assumida pelo governo federal.
A ameaça de desabastecimento em
área tão delicada preocupa. Interromper a distribuição de drogas que
combatem essas doenças -ou mesmo restringir sua oferta- seria dramática em termos de saúde pública.
Que os recursos venham de remanejamento emergencial de verbas do
ministério, de decreto presidencial,
de aval senatorial. Para os doentes
que dependem da distribuição pública, muitos oriundos das camadas
mais pobres, cujo amparo se tornou
caricata mania de certos políticos, é
essencial que o poder público cumpra seus compromissos, de maneira
especial os humanitários. Que não
espere uma marcha de moribundos
sobre Brasília para agir.
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