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O fim da ladeira
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - O governo pode até se salvar. A confiança no país pode voltar.
Mas tudo isso é muito improvável.
A sensação dentro do Congresso é
que o país está indo ladeira abaixo. O
governo ameaça esboçar uma reação.
FHC aparecerá mais falando grosso.
Tentará turbinar algumas votações.
Mas nada parece ser suficiente para
fazer frente ao que ainda está por vir
para jogar gasolina na conjuntura. A
saber:
1) 100 mil - eles chegam quinta-feira,
dia 26. Pedem de tudo, inclusive a saída de FHC. O governo está chamando
de golpe. Não adianta. Será a imagem
da próxima semana;
2) caminhoneiros - desgovernados,
estariam preparando outra greve para o dia 1º de setembro;
3) 7 de Setembro - com a ajuda da
Igreja Católica, essa data é novamente
batizada de dia dos excluídos. Há manifestações previstas em 2.000 cidades.
A maior será em Aparecida, em São
Paulo;
4) metalúrgicos - tanto os filiados à
CUT como os da Força Sindical preparam uma greve de advertência no dia
14 de setembro;
5) saúde - trabalhadores do SUS pretendem fazer um protesto no mês que
vem. A idéia é trazer os "brancos" a
Brasília;
6) sem-terra - a verdadeira marcha
dos sem-terra chega a Brasília em 6 de
outubro.
Há muito, muito mais protestos sendo preparados por aí.
Não dá para dizer que o abismo esteja à vista. Seria imprudente. Mas também é impossível saber o que está lá
embaixo, no fim da ladeira.
Muitas cartas contra a expressão
"desocupados" que usei ao me referir
aos ruralistas em Brasília. Errei. Deveria ter escrito "caloteiros".
Enfim, uma boa notícia para os leitores deste espaço: entro em férias a
partir de hoje. Até a volta.
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