São Paulo, Sábado, 21 de Agosto de 1999
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O fim da ladeira

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O governo pode até se salvar. A confiança no país pode voltar. Mas tudo isso é muito improvável.
A sensação dentro do Congresso é que o país está indo ladeira abaixo. O governo ameaça esboçar uma reação. FHC aparecerá mais falando grosso. Tentará turbinar algumas votações. Mas nada parece ser suficiente para fazer frente ao que ainda está por vir para jogar gasolina na conjuntura. A saber:
1) 100 mil - eles chegam quinta-feira, dia 26. Pedem de tudo, inclusive a saída de FHC. O governo está chamando de golpe. Não adianta. Será a imagem da próxima semana;
2) caminhoneiros - desgovernados, estariam preparando outra greve para o dia 1º de setembro;
3) 7 de Setembro - com a ajuda da Igreja Católica, essa data é novamente batizada de dia dos excluídos. Há manifestações previstas em 2.000 cidades. A maior será em Aparecida, em São Paulo;
4) metalúrgicos - tanto os filiados à CUT como os da Força Sindical preparam uma greve de advertência no dia 14 de setembro;
5) saúde - trabalhadores do SUS pretendem fazer um protesto no mês que vem. A idéia é trazer os "brancos" a Brasília;
6) sem-terra - a verdadeira marcha dos sem-terra chega a Brasília em 6 de outubro.
Há muito, muito mais protestos sendo preparados por aí.
Não dá para dizer que o abismo esteja à vista. Seria imprudente. Mas também é impossível saber o que está lá embaixo, no fim da ladeira.

Muitas cartas contra a expressão "desocupados" que usei ao me referir aos ruralistas em Brasília. Errei. Deveria ter escrito "caloteiros".

Enfim, uma boa notícia para os leitores deste espaço: entro em férias a partir de hoje. Até a volta.


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