|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Mais fraco, mais fortes
BRASÍLIA - Quanto mais se atrapalha com previdência, saúde, trabalho
infantil, viagens e gastos mal-explicados, mais o governo Lula precisa
reforçar suas alianças políticas e consolidar votos no Congresso. O PT sofre com as trapalhadas. O PMDB certamente adora. Não foi assim, afinal,
que ele pulou no barco FHC?
Considerando ministros fortes, ministros amigos e áreas estratégicas, o
que sobra, por eliminação, para o
PMDB na reforma ministerial que
vem por aí são duas de três vagas:
Transportes, Comunicações e Ciência
e Tecnologia. Nada mal. Nada mal
mesmo.
Curiosamente, é voz corrente que os
ministros mais atrapalhados são os
do PT, mas eles também estão mais
no coração do presidente. As três
áreas que sobram são, pela ordem, do
PL, do PDT e do PSB. Ou seja, não
são da casa, são dos hóspedes.
Pessoal e oportunisticamente, torço
para que o governo Lula repita também nisso o de FHC e jogue Transportes no colo do PMDB. De barato,
já seriam umas três colunas prontinhas, mesclando crítica e ironia. O
PMDB nos Transportes?! Não é possível que Lula e Dirceu não saibam que
esse, aliás, é o sentimento de dez entre
dez colunistas de política.
Dar Comunicações é mais fácil,
porque Miro Teixeira é do PDT, e o
PDT continua de Brizola, que não faz
outra coisa senão bater no governo. E
dar Ciência e Tecnologia pode não
ser muito complicado, não pelo partido (PSB), que acabou quieto no seu
canto e parou de reclamar, mas porque o ministro Roberto Amaral não
faz nenhum sucesso no Planalto.
A expectativa é que o PMDB fique
com dois ministérios e tenha, de quebra, mais uma estatal. O partido, que
é fominha e nada modesto, prefere
algo como o BNDES ou a Caixa Econômica Federal -ambos mais fortes
do que muitos ministérios.
Parece demais, mas, com essas trapalhadas todas, nunca se sabe. Os
peemedebistas, aliás, andam muito
bem-humorados ultimamente e devem votar em peso nas reformas. Ou
no que sobrar delas. A recompensa
vem depois. Tarda, mas não falha.
Texto Anterior: Miami - Clóvis Rossi: Fobias Próximo Texto: Rio de Janeiro - Marcelo Beraba: Pobres cidades Índice
|