São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Editoriais

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O Fundo e a crise

NAS DISCUSSÕES preparatórias para a reunião dos chefes de governo do G20 (as maiores economias mundiais) -em Londres, no próximo dia 2-, sobressaem as propostas para reformar as instituições financeiras multilaterais.
Além de ter seus recursos ampliados, o Banco Mundial concederia mais peso -em forma de voto- aos países em desenvolvimento, como o Brasil. Algo parecido ocorreria no âmbito do Fundo Monetário Internacional.
Os Estados Unidos querem triplicar (para US$ 750 bilhões) os recursos que o Fundo pode mobilizar para fazer empréstimos. A União Europeia, por seu turno, defende sua duplicação (US$ 500 bilhões) e se dispõe a contribuir com US$ 100 bilhões. O poder de voto dos emergentes seria ampliado, mas só a partir de janeiro de 2011.
Aumentar drasticamente a dotação do FMI é crucial para lidar com a crise global. Segundo estimativa do Instituto de Finanças Internacionais, os fluxos de capitais privados destinados aos países emergentes devem cair de US$ 465,8 bilhões, em 2008, para US$ 165,3 bilhões em 2009.
Os recursos do FMI somam US$ 228 bilhões -claramente insuficientes para livrar da insolvência vários países em desenvolvimento. O risco de colapso nas contas externas é altíssimo não apenas no caso dos mais endividados, concentrados no Leste Europeu, mas também no dos mais pobres -afetados por uma quebra brutal na sua renda com exportações- na Ásia, na América Latina e na África.
Dada a urgência do socorro, não faz sentido que o FMI condicione seus empréstimos, como era a praxe, a exigências draconianas nas políticas monetária, fiscal e cambial. Não há justificativa "moral" para proceder dessa maneira, quando os Estados Unidos dispõem-se a elevar sua dívida e seu déficit fiscal o quanto julgarem necessário para combater a recessão.


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