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São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2003

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VALDO CRUZ

Santo de casa

BRASÍLIA - Desde o início do governo Lula, tucanos e pefelistas não se cansam de dizer que o presidente petista encontrará em seu partido as maiores resistências contra as reformas da Previdência e tributária.
Dizem o que dizem por saberem que o conteúdo das reformas de Lula é praticamente uma cópia daquelas que foram propostas pelo governo Fernando Henrique Cardoso, combatidas naquela época pelo PT, hoje no Palácio do Planalto.
Enquete realizada pela Folha, publicada no domingo, dá certa razão aos ex-governistas do PFL e do PSDB, agora aliados na trincheira da oposição ao governo Lula.
A pesquisa mostrou que a maioria dos deputados petistas, hoje a maior bancada na Câmara, é contra a cobrança de contribuição dos inativos e o fim da aposentadoria integral para os futuros servidores públicos. Dois pilares da reforma previdenciária.
Pelo visto, se dependesse apenas da vontade da bancada petista, a reforma de Lula não passaria na Câmara dos Deputados. Seria derrotada. Mas o PT tem a fama de votar unido. É quase uma lei dentro do partido.
Hoje, a ala moderada, à qual pertencem Lula e equipe, tem ampla maioria no Diretório Nacional do PT. Teria, então, poder para forçar a bancada a votar como deseja o comando partidário.
A cúpula do governo lembra ainda que o Diretório Nacional já fechou questão a favor das reformas. Ou seja, a bancada pode até discutir as reformas, espernear, xingar, mas, na hora de votar, terá de seguir a linha definida pela direção do partido.
Não será um processo indolor. Deve provocar gritos e ranger de dentes. Ainda mais quando se vê na enquete que não são apenas os radicais que estão contra pontos das reformas.
Talvez o único capaz de superar as turbulências no PT seja o próprio Lula. Com os governadores, ele conseguiu conter um ensaio de rebelião. Agora, terá de repetir a proeza com os petistas e mostrar que, no seu caso, santo de casa faz milagre.


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