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VALDO CRUZ
Santo de casa
BRASÍLIA - Desde o início do governo Lula, tucanos e pefelistas não se cansam de dizer que o presidente petista
encontrará em seu partido as maiores resistências contra as reformas da
Previdência e tributária.
Dizem o que dizem por saberem
que o conteúdo das reformas de Lula
é praticamente uma cópia daquelas
que foram propostas pelo governo
Fernando Henrique Cardoso, combatidas naquela época pelo PT, hoje
no Palácio do Planalto.
Enquete realizada pela Folha, publicada no domingo, dá certa razão
aos ex-governistas do PFL e do PSDB,
agora aliados na trincheira da oposição ao governo Lula.
A pesquisa mostrou que a maioria
dos deputados petistas, hoje a maior
bancada na Câmara, é contra a cobrança de contribuição dos inativos e
o fim da aposentadoria integral para
os futuros servidores públicos. Dois
pilares da reforma previdenciária.
Pelo visto, se dependesse apenas da
vontade da bancada petista, a reforma de Lula não passaria na Câmara
dos Deputados. Seria derrotada. Mas
o PT tem a fama de votar unido. É
quase uma lei dentro do partido.
Hoje, a ala moderada, à qual pertencem Lula e equipe, tem ampla
maioria no Diretório Nacional do
PT. Teria, então, poder para forçar a
bancada a votar como deseja o comando partidário.
A cúpula do governo lembra ainda
que o Diretório Nacional já fechou
questão a favor das reformas. Ou seja, a bancada pode até discutir as reformas, espernear, xingar, mas, na
hora de votar, terá de seguir a linha
definida pela direção do partido.
Não será um processo indolor. Deve
provocar gritos e ranger de dentes.
Ainda mais quando se vê na enquete
que não são apenas os radicais que
estão contra pontos das reformas.
Talvez o único capaz de superar as
turbulências no PT seja o próprio Lula. Com os governadores, ele conseguiu conter um ensaio de rebelião.
Agora, terá de repetir a proeza com
os petistas e mostrar que, no seu caso,
santo de casa faz milagre.
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