São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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AIDS EM EXPANSÃO

"Um terremoto em câmara lenta". Foi assim que Peter Piot, o diretor da agência da ONU encarregada de combater a Aids, classificou recentemente o avanço da moléstia. A Aids já é uma catástrofe quando analisada apenas como uma doença. Mas ela é também um fenômeno social que gera uma ampla gama de conseqüências às quais também se deve prestar muita atenção.
A Aids é uma importante causa de morte em todo o mundo. Em 2003, ela matou 3 milhões de pessoas, mais do que o dobro do total de óbitos em acidentes automobilísticos, por exemplo. Calcula-se que existam cerca de 40 milhões de pessoas infectadas com o vírus HIV.
Uma questão que vem recebendo cada vez mais destaque é a dos reflexos socioeconômicos da epidemia. Como bem lembra Piot, a Aids já criou milhões de órfãos, crianças cujo futuro é sombrio.
O diretor da agência chegou mesmo a comparar a doença ao terrorismo devido a seu potencial para provocar revoltas e conflitos. Com efeito, as vítimas da moléstia, antes de morrer, costumam passar por uma forte deterioração das condições de vida devido à incapacidade para trabalhar. Quando o número de infectados é extremamente elevado, como ocorre em certas áreas da África subsaariana, o agravamento da miséria torna-se um fator a mais de instabilidade para governos em geral precários, podendo gerar fluxos migratórios e provocar desavenças entre nações vizinhas. Essa hipótese se torna mais verossímil quando se considera que, nos países africanos mais duramente atingidos pela epidemia, mais da metade dos militares estão infectados com o HIV.
O problema da Aids não é somente africano. Embora o subcontinente concentre pelo menos 70% dos casos globais, é no Leste Europeu que a epidemia vem crescendo com mais intensidade. Ao longo dos últimos oito anos, o número de casos no antigo bloco soviético teve um incremento de 50 vezes.
Cada vez mais o mundo é chamado a impedir a propagação da doença, sob pena de ver emergir um cenário ainda mais devastador.


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