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AIDS EM EXPANSÃO
"Um terremoto em câmara
lenta". Foi assim que Peter
Piot, o diretor da agência da ONU encarregada de combater a Aids, classificou recentemente o avanço da moléstia. A Aids já é uma catástrofe
quando analisada apenas como uma
doença. Mas ela é também um fenômeno social que gera uma ampla gama de conseqüências às quais também se deve prestar muita atenção.
A Aids é uma importante causa de
morte em todo o mundo. Em 2003,
ela matou 3 milhões de pessoas,
mais do que o dobro do total de óbitos em acidentes automobilísticos,
por exemplo. Calcula-se que existam
cerca de 40 milhões de pessoas infectadas com o vírus HIV.
Uma questão que vem recebendo
cada vez mais destaque é a dos reflexos socioeconômicos da epidemia.
Como bem lembra Piot, a Aids já
criou milhões de órfãos, crianças cujo futuro é sombrio.
O diretor da agência chegou mesmo a comparar a doença ao terrorismo devido a seu potencial para provocar revoltas e conflitos. Com efeito, as vítimas da moléstia, antes de
morrer, costumam passar por uma
forte deterioração das condições de
vida devido à incapacidade para trabalhar. Quando o número de infectados é extremamente elevado, como
ocorre em certas áreas da África subsaariana, o agravamento da miséria
torna-se um fator a mais de instabilidade para governos em geral precários, podendo gerar fluxos migratórios e provocar desavenças entre nações vizinhas. Essa hipótese se torna
mais verossímil quando se considera
que, nos países africanos mais duramente atingidos pela epidemia, mais
da metade dos militares estão infectados com o HIV.
O problema da Aids não é somente
africano. Embora o subcontinente
concentre pelo menos 70% dos casos globais, é no Leste Europeu que a
epidemia vem crescendo com mais
intensidade. Ao longo dos últimos
oito anos, o número de casos no antigo bloco soviético teve um incremento de 50 vezes.
Cada vez mais o mundo é chamado
a impedir a propagação da doença,
sob pena de ver emergir um cenário
ainda mais devastador.
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