São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA PARA AS DROGAS

O Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo, divulgou resultados do primeiro levantamento domiciliar sobre o uso de entorpecentes no país. Excluídos o álcool e o tabaco, cuja utilização recreativa é legal, 19,4% da população entre 12 e 65 anos já utilizou alguma substância psicoativa pelo menos uma vez.
Destacam-se entre as drogas mais utilizadas a maconha (experimentada ou usada por 6,9%), solventes (5,8%), tranquilizantes (3,3%) e cocaína (2,3%). Os números não são tão elevados. Nos EUA, por exemplo, 34,2% já experimentaram maconha.
Esses dados precisam ser relativizados. Por maiores que sejam as garantias de sigilo, as pessoas naturalmente relutam em admitir ilícitos ou vícios para um pesquisador.
Mas é consenso entre os especialistas que, em termos de saúde pública, bem mais graves são os problemas ocasionados pelo álcool e pelo tabaco. Segundo o Cebrid, essas duas drogas são ou foram usadas por 68,7% e 41,4% dos brasileiros, respectivamente. A pesquisa apurou ainda que 11,4% da população é dependente de álcool; e 9%, de cigarros; apenas 1%, de maconha.
O problema das drogas é grave. No Brasil, contudo, a ênfase das autoridades deve recair sobre as substâncias lícitas. É preciso oferecer informação e programas de recuperação. Em relação às drogas ilícitas, como observou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Alberto Cardoso, dentro de "duas ou três gerações" essas substâncias devem ser descriminalizadas.
Se todas as drogas fossem liberadas amanhã, é possível que surgisse um quadro desolador, com cerca de 10% (índice próximo ao do álcool e do tabaco) da população dependente de cocaína ou outras drogas devastadoras. É preciso caminhar com cautela na descriminalização, mas esse parece ser o caminho.


Texto Anterior: Editoriais: ALARMISMO E PRUDÊNCIA
Próximo Texto: Editoriais: BATALHAS NO CENTRO

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.