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POLÍTICA PARA AS DROGAS
O Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade
Federal de São Paulo, divulgou resultados do primeiro levantamento domiciliar sobre o uso de entorpecentes
no país. Excluídos o álcool e o tabaco, cuja utilização recreativa é legal,
19,4% da população entre 12 e 65
anos já utilizou alguma substância
psicoativa pelo menos uma vez.
Destacam-se entre as drogas mais
utilizadas a maconha (experimentada ou usada por 6,9%), solventes
(5,8%), tranquilizantes (3,3%) e cocaína (2,3%). Os números não são
tão elevados. Nos EUA, por exemplo,
34,2% já experimentaram maconha.
Esses dados precisam ser relativizados. Por maiores que sejam as garantias de sigilo, as pessoas naturalmente relutam em admitir ilícitos ou
vícios para um pesquisador.
Mas é consenso entre os especialistas que, em termos de saúde pública,
bem mais graves são os problemas
ocasionados pelo álcool e pelo tabaco. Segundo o Cebrid, essas duas
drogas são ou foram usadas por
68,7% e 41,4% dos brasileiros, respectivamente. A pesquisa apurou
ainda que 11,4% da população é dependente de álcool; e 9%, de cigarros; apenas 1%, de maconha.
O problema das drogas é grave. No
Brasil, contudo, a ênfase das autoridades deve recair sobre as substâncias lícitas. É preciso oferecer informação e programas de recuperação.
Em relação às drogas ilícitas, como
observou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Alberto Cardoso, dentro de "duas ou
três gerações" essas substâncias devem ser descriminalizadas.
Se todas as drogas fossem liberadas amanhã, é possível que surgisse
um quadro desolador, com cerca de
10% (índice próximo ao do álcool e
do tabaco) da população dependente
de cocaína ou outras drogas devastadoras. É preciso caminhar com cautela na descriminalização, mas esse
parece ser o caminho.
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