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BATALHAS NO CENTRO
A região central da cidade de
São Paulo foi palco, na quinta-feira, de confrontos violentos provocados por camelôs. Eles protestavam
contra uma ação de autoridades públicas que apreendeu mercadorias
supostamente contrabandeadas. Ao
final dos embates, restou saldo de lojas e ônibus depredados, de algumas
pessoas feridas e de outras presas.
As ações contra vendedores ambulantes se têm pautado pela desocupação de regiões da cidade em que a atividade não é permitida. Mas a operação de quinta-feira inovou por agir
numa das fontes de "sobrevivência"
de parte desse comércio informal: o
trabalho com produtos contrabandeados e/ou pirateados. Também
inovou por ter reunido um largo espectro de agentes públicos -de representantes municipais a policiais
federais, passando por fiscais estaduais e pelo Ministério Público.
Na operação, as autoridades estimam que tenha sido apreendido US$
1 milhão em produtos ilegais. A megapreensão acabou por dar materialidade a uma hipótese sobre o mundo dos camelôs paulistanos: a de que
existe um sistema subterrâneo razoavelmente complexo -dispondo
por exemplo de depósitos- que
abastece o comércio informal (e, em
alguma medida, também o formal)
com mercadorias ilícitas.
Que os camelôs são um problema
que não se combate apenas com repressão, já se sabe. Mas isso não significa que se deva tratar de forma
condescendente as ilicitudes por eles
cometidas. É boa a idéia de atuar
com uma força-tarefa para impedir
que vendedores ambulantes se tornem a ponta de esquemas de contrabando e pirataria. Trata-se de um pequeno exemplo de como, com vontade política, é possível quebrar a espinha de impunidade que sustenta algumas atividades ilegais no Brasil.
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