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VALDO CRUZ
Tempo perdido
BRASÍLIA - Enganam-se aqueles que nos julgam convertidos ao neoliberalismo e ponto final. Sabemos muito
bem que, ao final do mandato, seremos avaliados pelo desempenho da
economia e pelas ações na área social
e de combate ao desemprego.
O raciocínio é do ministro Luiz
Dulci (Secretaria Geral da Presidência). Membro do grupo que despacha
diariamente com o presidente Lula,
ele diz que a estabilidade econômica
como único fim só rendeu frutos a
Fernando Henrique Cardoso.
Por que, então, tanto apego a uma
política que aprofunda um modelo
adotado no governo FHC? Porque seria impossível chegar ao nosso modelo se perdêssemos o controle sobre a
inflação, devolve o secretário-geral.
O ministro faz questão de dizer
também que seu colega da Fazenda
não é a cópia de Pedro Malan. Político, Antonio Palocci Filho tem sensibilidade social, diz ele. Sem falar no
que Dulci não diz: ex-prefeito, Palocci tem seus projetos políticos.
A despeito da defesa de Dulci, o fato
é que o governo Lula tem dado espaço para as críticas. Se tem uma política econômica bem definida, falta-lhe
uma de desenvolvimento do país.
Seus defensores dirão que, na última terça-feira, a equipe de Lula divulgou a "Nova Agenda de Desenvolvimento Econômico". Lendo o documento, porém, o que se vê é mais um
programa de governo -lançado seis
meses após a posse.
Já ações concretas para o desenvolvimento ainda não foram adotadas.
Não é má vontade. Tem gente bem
próxima a Lula que acha o mesmo,
mas aposta que a agenda será, pelo
menos, o primeiro passo para recuperar o tempo perdido até aqui.
O pior, diz esse auxiliar de Lula, é o
gerenciamento de governo, que classifica de deficiente. Para corrigir essa
falha, articula-se a criação de um núcleo de "gerenciamento estratégico"
para fazer a máquina andar.
O presidente, que tem reclamado
da lentidão de seu governo, poderia
dar a sua contribuição: que tal reduzir o número de ministérios?
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