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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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VALDO CRUZ

Tempo perdido

BRASÍLIA - Enganam-se aqueles que nos julgam convertidos ao neoliberalismo e ponto final. Sabemos muito bem que, ao final do mandato, seremos avaliados pelo desempenho da economia e pelas ações na área social e de combate ao desemprego.
O raciocínio é do ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência). Membro do grupo que despacha diariamente com o presidente Lula, ele diz que a estabilidade econômica como único fim só rendeu frutos a Fernando Henrique Cardoso.
Por que, então, tanto apego a uma política que aprofunda um modelo adotado no governo FHC? Porque seria impossível chegar ao nosso modelo se perdêssemos o controle sobre a inflação, devolve o secretário-geral.
O ministro faz questão de dizer também que seu colega da Fazenda não é a cópia de Pedro Malan. Político, Antonio Palocci Filho tem sensibilidade social, diz ele. Sem falar no que Dulci não diz: ex-prefeito, Palocci tem seus projetos políticos.
A despeito da defesa de Dulci, o fato é que o governo Lula tem dado espaço para as críticas. Se tem uma política econômica bem definida, falta-lhe uma de desenvolvimento do país.
Seus defensores dirão que, na última terça-feira, a equipe de Lula divulgou a "Nova Agenda de Desenvolvimento Econômico". Lendo o documento, porém, o que se vê é mais um programa de governo -lançado seis meses após a posse.
Já ações concretas para o desenvolvimento ainda não foram adotadas. Não é má vontade. Tem gente bem próxima a Lula que acha o mesmo, mas aposta que a agenda será, pelo menos, o primeiro passo para recuperar o tempo perdido até aqui.
O pior, diz esse auxiliar de Lula, é o gerenciamento de governo, que classifica de deficiente. Para corrigir essa falha, articula-se a criação de um núcleo de "gerenciamento estratégico" para fazer a máquina andar.
O presidente, que tem reclamado da lentidão de seu governo, poderia dar a sua contribuição: que tal reduzir o número de ministérios?


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