São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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PARA O ESPAÇO

O Brasil levou um puxão de orelhas da Nasa, a agência espacial dos EUA e principal patrocinadora da Estação Espacial Internacional (ISS). É que sucessivos estouros orçamentários levaram o governo a atrasar a fabricação do que seria a contribuição brasileira ao projeto.
A participação do Brasil na ISS sempre foi polêmica. O país teria de arcar com um custo inicialmente estimado em US$ 120 milhões. Já o desenvolvimento de tecnologia pela Embraer, empresa designada para construir os equipamentos, seria pequeno e de relevância discutível.
No fim das contas, o que o Brasil ganharia com o empreendimento seria a possibilidade de figurar ao lado das potências tecnológicas, de enviar um astronauta para o espaço e, mais importante, o direito de realizar uma série de experimentos e observações a bordo da ISS. Como os custos não são tão elevados, a participação é um luxo ao qual o país poderia dar-se.
As tecnologias desenvolvidas para mandar o homem para o espaço acabam encontrando aplicação prática na indústria. É discutível se parte desse ganho não seria obtido com missões não-tripuladas, que são significativamente mais baratas.
Também os experimentos científicos realizados a bordo da ISS são polêmicos. A pesquisa com cristalização de proteínas, por exemplo, que é favorecida pelo ambiente de microgravidade, poderá revelar-se um campo útil, mas pouco provavelmente resultará na cura do câncer, como a Nasa chegou a sugerir.
No fundo, a melhor justificativa para a ISS acaba sendo romântica: a satisfação psicológica proporcionada pela "conquista do espaço". E não há nada de errado com isso, desde que o aspecto romântico seja claramente admitido e as partes envolvidas estejam dispostas a pagar o preço.



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