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PARA O ESPAÇO
O Brasil levou um puxão de orelhas da Nasa, a agência espacial dos EUA e principal patrocinadora da Estação Espacial Internacional (ISS). É que sucessivos estouros orçamentários levaram o governo a atrasar a fabricação do que seria a contribuição brasileira ao projeto.
A participação do Brasil na ISS
sempre foi polêmica. O país teria de
arcar com um custo inicialmente estimado em US$ 120 milhões. Já o desenvolvimento de tecnologia pela
Embraer, empresa designada para
construir os equipamentos, seria pequeno e de relevância discutível.
No fim das contas, o que o Brasil
ganharia com o empreendimento seria a possibilidade de figurar ao lado
das potências tecnológicas, de enviar
um astronauta para o espaço e, mais
importante, o direito de realizar uma
série de experimentos e observações
a bordo da ISS. Como os custos não
são tão elevados, a participação é um
luxo ao qual o país poderia dar-se.
As tecnologias desenvolvidas para
mandar o homem para o espaço acabam encontrando aplicação prática
na indústria. É discutível se parte
desse ganho não seria obtido com
missões não-tripuladas, que são significativamente mais baratas.
Também os experimentos científicos realizados a bordo da ISS são polêmicos. A pesquisa com cristalização de proteínas, por exemplo, que é
favorecida pelo ambiente de microgravidade, poderá revelar-se um
campo útil, mas pouco provavelmente resultará na cura do câncer,
como a Nasa chegou a sugerir.
No fundo, a melhor justificativa para a ISS acaba sendo romântica: a satisfação psicológica proporcionada pela "conquista do espaço". E não há nada de errado com isso, desde que o aspecto romântico seja claramente admitido e as partes envolvidas estejam dispostas a pagar o preço.
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