São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O desafio da inclusão
ALENCAR BURTI
Alguns exemplos dos chamados países desenvolvidos demonstram que sim. Deixando de lado as linhas ideológicas e os fatos históricos, a Espanha saiu de uma taxa de desemprego de 20%, no início dos anos 90, para 12%, em 2000. As reformas das legislações trabalhista e fiscal, além da simplificação do sistema tributário, permitiram a verdadeira revolução da economia espanhola. Para abrir seu mercado ao mundo, a China cortou quase 50% de suas normas. Não é por outro motivo que o PIB chinês, em 2003, ultrapassou a barreira dos 6%, batendo o 0,2% obtido aqui no Brasil. Enquanto governo, lideranças empresariais e laborais -ou seja, toda a sociedade- não mergulharem profundamente em cada um desses fatores que formam o tripé da falta de competitividade e propuserem ações efetivas, a recuperação da nossa economia não vai passar de retórica. Mais que isso, não podemos ser coniventes com outra face perversa desse processo: a expansão do crime organizado, que se alimenta da concorrência desleal da informalidade, ou melhor, da ilegalidade. O Sebrae deve entregar até meados do próximo mês o anteprojeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que traz soluções concretas, viáveis e simples para consolidar a força geradora de emprego e renda dos pequenos negócios, responsáveis por 67% do pessoal ocupado e 28% do PIB. Entre os destaques estão a criação do cadastro nacional unificado de contribuintes (um único registro em todos os órgãos com os quais as pequenas empresas precisam se relacionar), a atualização das faixas de enquadramento das MPEs, a simplificação e tratamento diferenciado de tributos, a criação de uma rede de proteção social, com simplificação das relações trabalhistas, garantindo assim os benefícios sociais aos empregados e estímulos à exportação e aos investimentos em tecnologia. Se não houver sensibilidade por parte do Congresso para a tramitação desse projeto e se governadores e prefeitos não entenderem que protelar a solução é adiar o verdadeiro espetáculo do crescimento, corremos o risco de dar a essa lei inovadora o mesmo destino da reforma tributária. O mesmo estudo da McKinsey já citado mostra que é preciso reduzir em 20% o setor informal para elevar a taxa de crescimento em pelo menos 1,5 ponto percentual. Nosso PIB poderia aumentar 5% ao ano! Chegou o momento de aprovar essas medidas vitais para a sobrevivência e a consolidação dos pequenos negócios; não há mais tempo a perder nesse emaranhado de regras ultrapassadas, impeditivas do crescimento e com desdobramentos sociais que podem levar a uma ruptura com efeitos imprevisíveis e indesejáveis, comprometendo inclusive o processo democrático tão desejado por todos nós e recentemente alcançado. Alencar Burti, 73, é o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Paulo Pereira da Silva: Emprego é tudo Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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