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São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

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NEGOCIAR E IR EM FRENTE

Não chegaram a ser exatamente encorajadoras as palavras de Kenneth Rogoff, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, na última semana, acerca da permanência da vulnerabilidade da economia brasileira. Elas são, no entanto, verdadeiras quando sugerem que o alto grau de endividamento do setor público não deixa muita margem para que o país possa no curto prazo "relaxar e ir em frente".
A receita que se depreende do discurso de Rogoff obviamente não foge dos padrões consagrados: manutenção de forte ajuste fiscal e crescimento sustentável por longo período. Curiosamente, no entanto, o economista aventou a hipótese de que o país pudesse adotar soluções menos convencionais, tendo mencionado até mesmo a recuperação de economias que passaram por inúmeras moratórias, como a da Espanha.
Rogoff negou-se a dar mais detalhes sobre a referência. Não parece, contudo, que o economista do FMI tenha desejado propor ao Brasil o caminho da heterodoxia, o que seria, em seu caso, um contra-senso.
Há, no entanto, uma perspectiva factível de reescalonamento da dívida brasileira no cenário do novo acerto que está sendo costurado com o FMI. Não se trata de alarmar credores privados, mas de alongar os desembolsos devidos ao próprio Fundo, referentes ao último acordo.
O Brasil tem com a instituição um cronograma de pagamentos para saldar um montante de US$ 30 bilhões em quatro anos. Um entendimento que permitisse reescalonar esses compromissos provavelmente não permitiria ao país "relaxar e ir em frente", como sugeriu Rogoff, mas poderia representar um alívio bastante bem-vindo.



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