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REFORMA DA ONU
Principalmente depois da
polêmica invasão do Iraque, a
esmagadora maioria dos 191 países
que fazem parte da ONU concorda
que a organização precisa ser reformada. O consenso acaba aqui. É
quase impossível encontrar diretrizes para as mudanças que agradem a
todos. A 58ª Assembléia Geral da
ONU, que está reunida em Nova
York, deveria ser uma oportunidade
para tentar avançar na questão.
A idéia de que o Conselho de Segurança (CS), o órgão composto por 15
membros que exerce o poder de fato
na organização, deve ser ampliado é
relativamente bem aceita. Sua atual
configuração é uma herança do pós-guerra que já não se justifica. A situação se complica quando se procuram países que poderiam ser elevados à condição de membros permanentes e com poder de veto, ao lado
de EUA, Reino Unido, Rússia, França e China. Hoje, os demais 186 países ocupam em esquema de rodízio
os dez assentos restantes do CS e não
têm direito de vetar resoluções.
Países grandes e que exercem liderança regional, como Brasil e Índia,
são frequentemente lembrados para
ocupar essa posição. É claro que isso
desperta rivalidades. No caso asiático a situação é especialmente grave,
porque o Paquistão -e com ele quase todo o mundo islâmico- nutre
seriíssimas diferenças com a Índia.
Praticamente todas as propostas
esbarram em obstáculos. A idéia de
acabar com o poder de veto, resquício da Guerra Fria, encontra forte objeção por parte da Rússia, por exemplo. Empobrecida e sem força, é a capacidade de bloquear resoluções que
lhe dá um lugar diferenciado na comunidade das nações. A ONU tem
uma comissão trabalhando há dez
anos em propostas de reformulação,
mas nada parece avançar.
A questão é que não existirá solução que contente a todos os 191
membros. E o imobilismo trabalha
contra a organização, pois é cada dia
maior a percepção de que lhe falta legitimidade. O risco de deixar tudo
como está é o de que a ONU, que até
funcionou durante a Guerra Fria, se
torne um organismo esvaziado.
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