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São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Lula e a mídia regional

BRASÍLIA - É da maior relevância a prioridade que a poderosa Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República) diz estar dando à mídia regional.
O Brasil tem cerca de 3.000 emissoras de rádio e 523 jornais diários. É possível dizer, sem risco de errar, que a maioria tem qualidade sofrível. Por várias razões. No caso dos jornais impressos, existe o obstáculo histórico do analfabetismo e da falta de hábito de leitura do brasileiro.
Nos Estados Unidos (292 milhões de habitantes) há 1.457 jornais, com uma circulação média diária total de 55,2 milhões de exemplares. No Brasil (177 milhões de habitantes), os 523 jornais diários têm uma tiragem total de apenas 7 milhões. Os números dispensam comentários.
O que acontece no Brasil: as pessoas não lêem porque os jornais são ruins ou os jornais são ruins porque as pessoas não lêem?
Um pouco das duas coisas. O ponto central é que não há mercado publicitário forte para dar independência aos veículos regionais no país. Muitos jornais e rádios caem na armadilha de se vender para os governantes locais, divulgando "matérias pagas" disfarçadas de reportagem.
Segundo o titular da Secom, o ministro Luiz Gushiken, a imensa maioria desses veículos do interior não entra no mercado publicitário também porque não consegue oferecer uma informação básica para seus anunciantes: a circulação exata, no caso dos jornais, e uma medição confiável da audiência das rádios.
Gushiken diz estar formulando uma saída. Estimulará associações independentes e universidades a pesquisarem e auditarem a mídia regional. Com números confiáveis sobre tiragem e audiência, os anunciantes podem se interessar e comprar espaço publicitário nesses veículos.
É claro que o governo também passaria a despejar anúncios nesses jornais e rádios do interior. Essa é uma história que fica para depois.



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