São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

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CARLOS HEITOR CONY

Férias

RIO DE JANEIRO - Quem quer que tenha inventado as férias, foi um benemérito. Já ouvi dizer que a maior invenção da humanidade foi a roda, mas, honestamente, prefiro as férias à roda, que rodam por aí e não me levam a lugar nenhum, enquanto as férias, que para mim começam amanhã, me levarão a Roma, cidade onde é bom assistir ao mundo rodar e, tal como eu, sem ir a lugar nenhum.
Sendo assim, deixo antecipadamente meus votos de boas-festas e feliz entradas a leitores e não-leitores, saúdo o povo e autoridades presentes e ausentes e nem preciso pedir passagem como as antigas Sociedades Carnavalescas, que costumavam homenagear a imprensa ao som da marcha triunfal da "Aída".
Desejo também me livrar de compromissos que estavam agendados para este final de ano. Dia 28, escreveria sobre os dez anos da ausência de Otto Lara Resende deste canto de página, que indignamente ocupo dentro daquele salutar preceito segundo o qual, de hora em hora Deus piora o mundo, as coisas e as crônicas.
No dia 31, deveria deixar um "addio senza rancore", como em "La Bohème", de Puccini, ao governo que se vai, governo que critiquei durante oito anos, que me dava bom assunto e péssima distribuição de renda, não só a mim mas ao povo em geral. E deveria desejar ao governo que se instala tudo de bom, pedindo desculpa por qualquer coisa de nossa parte -foi sem querer. E, como as crianças que são surpreendidas pela mãe fazendo pouca vergonha com outras crianças, prometo não fazer mais, o que me dará direito a continuar fazendo o que tiver vontade.
No mais, depois de citar a marcha da "Aída" e a ária do terceiro ato de "La Bohème", usarei um velho chavão que era comum ser usado por jogadores de futebol quando estavam no estrangeiro e tinham a oportunidade de falar ao microfone das rádios de antigamente: aproveito a oportunidade e mando um abraço aos meus familiares.


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