|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MISSÃO NO HAITI
Já é tardia a posição manifestada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, em
relação à presença de tropas brasileiras no Haiti. Segundo o chanceler, a
missão brasileira naquele país será
revista se for constatado que as expectativas tanto dos haitianos quanto de outros países é somente de "repressão" e controle da violência. Trata-se de um sinal -ao menos a título
de pressão- de que o governo cogita a retirada das tropas caso a comunidade internacional não se envolva
efetivamente no projeto de viabilizar
a constituição de um Estado de Direito na República caribenha.
De fato, embora os soldados brasileiros que lá atuam sob a égide da
ONU tenham como principal função
manter um mínimo de ordem em
meio ao caos reinante, não faz sentido que permaneçam no país se não
for formulado um plano concreto
que possa mudar o quadro atual.
O cenário haitiano demanda mais
do que mera ação policial. Além da
extrema instabilidade política, a população do Haiti é vítima da grave e
perene crise econômica que condena
a maioria dos cidadãos à penúria. A
capital do país, Porto Príncipe, exibe
as marcas da miséria e dos conflitos
armados que resultaram na queda do
presidente Jean-Bertrand Aristide.
Sua paisagem é dominada por favelas, não há infra-estrutura urbana e a
violência prospera.
Cabe ao Brasil e à comunidade internacional empreenderem uma
busca por soluções duradouras. O
governo brasileiro age acertadamente ao pressionar os países ricos, particularmente os EUA e a França, que
intervieram diretamente na derrubada de Aristide, a elaborar e financiar
um plano de recuperação econômica
para o Haiti que ofereça perspectivas
concretas de melhoria da situação.
Do contrário, o país continuará
sendo um foco de instabilidade e a
participação brasileira estará fadada
a tornar-se apenas uma missão de
emergência com pífios resultados.
Texto Anterior: Editoriais: ARQUIVO PARCIAL Próximo Texto: Brasília - Clóvis Rossi: O telão e a centelha Índice
|