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INFLAÇÃO ESCOLAR
É grave constatar que mensalidades escolares vêm subindo
acima da inflação nos últimos anos.
Levantamento realizado pelo Dieese
(Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que, entre 1997 e 2004,
mensalidades subiram em média
94,52% contra um aumento no custo
de vida de 72,05%.
Existem várias hipóteses não-excludentes para explicar essa situação.
Empresários do setor, principalmente os do segmento do ensino superior, que liderou a alta, falam em investimentos em bibliotecas, laboratórios e na qualificação do corpo docente. É possível que tenham estimado mal o aumento da demanda e investido além do sustentável. Esse cenário é corroborado pelo grande número de vagas ociosas no setor. Pelo
menos no último ano, a inadimplência também pode ter funcionado como um fator de perda de receitas,
que o empresário tenta compensar
elevando as mensalidades.
Seja como for, o mercado particular de ensino é um ambiente no qual
é razoavelmente forte a concorrência. Isso, ao lado das vagas ociosas,
como que afasta a possibilidade de
que um cartel tenha atuado para manipular os preços das mensalidades.
O problema desses aumentos é que
eles ocorreram ao lado de uma queda
na renda dos trabalhadores. O pior
cenário é o de que se instale um círculo vicioso, no qual os assalariados,
empobrecidos, tirem seus filhos das
escolas particulares e estas, para
compensar a perda de alunos, tenham de elevar ainda mais os preços.
Nos ensinos fundamental e médio,
a rede pública ainda teria condições
de absorver uma demanda extra,
mas no nível superior não. Toda a expansão do ensino universitário realizada ao longo dos últimos anos se
deu no setor privado.
É do interesse das próprias escolas
encontrar fórmulas de conter seus
aumentos ou o problema poderá
agravar-se ainda mais.
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