São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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VINICIUS TORRES FREIRE

Chaui, musa do curto verão petista

SÃO PAULO - Marilena Chaui, filósofa, petista, aspirante a José Arthur Giannotti do governo Lula, é a musa do curto verão da demagogia lulista, verão de pouca luz, pouco sol, muita chuva, trovoadas e ressacas morais.
Chaui escreveu nesta Folha que o caso Waldomiro é pretexto para quem deseja destronar o PT, partido espaçoso que ocupa todo o lugar da ética na política do Brasil, acredita a filósofa. Procura-se lesar a majestade ética do PT com um episódio do governo dos Garotinhos, retorque a professora. Apenas merecem a estrelinha da ética na política aqueles que, tendo visto o "Waldomiro 1%" em ação, optarem por discutir a reforma eleitoral em vez de enxovalhar o petismo.
Essa é a Chaui sofista. Em comício na USP, no dia de 10 junho de 2003, a Chaui demagoga dizia que o governo Lula não podia começar com uma "negociata" tal como a reforma da Previdência, negociata "inconstitucional", mais rendosa que as "privatizações de FHC".
Mas Chaui, a sofista, no artigo da Folha, acusava os críticos da lambança do governo Lula de "interpretar a reforma da Previdência como destruição de direitos (quando ela buscava quebrar privilégios travestidos em direitos)". Chaui passou de crítica violenta a defensora da reforma lulista em oito meses.
Tão rápido quanto o mercado mudou de opinião sobre o petismo-lulismo, tão rápido quanto o petismo-lulismo passou do besteirol esquerdóide para o besteirol dos banqueiros, tão rápido assim, Chaui, a volátil, passou de suas chorumelas e inanidades contra o "neoliberalismo" para a crítica daqueles que identificam a política econômica de Lula com a do governo de FHC. Nisto Chaui pode ter razão: ninguém sabe se a economia de Lula será ainda pior que a tucana.
Chaui tornou-se adoradora do rei sol da ética, Lula, aquele que, "quando fala, tudo se ilumina, tudo se revela", tal e qual as portas da percepção. Integra a tropa de choque do PT, publicista do nível moral de gente como José Genoino ou Aloizio Mercadante, que, neste Carnaval, rasgaram a fantasia ética e entraram no bloco de sujos dos coveiros da vergonha na cara.


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