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JAGUNÇOS E GÂNGSTERES EM SP
O cidadão paulistano assiste, atônito, a um processo provavelmente inédito de gangsterização da política
municipal. São Paulo é por certo a cidade mais complexa do país. Vive
momentos particularmente difíceis,
decorrentes da crise econômica que
afeta a todos. Vê acumularem-se problemas relacionados ao inchaço urbano, à deterioração de bairros inteiros, à miséria nas periferias, ao desemprego e ao aumento alarmante
da criminalidade. Parece, ademais,
sofrer com um processo atabalhoado
de mudança de seu perfil econômico,
de cidade industrial para metrópole
de serviços.
Essas graves questões exigiriam,
além de planejamento e capacitação
técnica, uma elite política à altura para pelo menos equacioná-las. Parte
significativa dessa elite, porém, em
especial alguns vereadores que compõem a base do prefeito Celso Pitta
na Câmara, não apenas se mostra
inepta, moral e tecnicamente, para
legislar, como parece agora estar por
trás e na cabeça de uma rede de jagunçagem contratada para assassinar pessoas que vêm denunciando
esquemas de corrupção envolvendo
as administrações regionais.
Regride-se, assim, na maior cidade
do país, a uma situação que em nada
difere da selvageria recentemente registrada em Alagoas, Estado que acumula uma longa e triste tradição de
violência patrocinada e acobertada
por parcela de sua elite.
A escalada da corrupção e de desmandos em São Paulo está ultrapassando quaisquer limites. Não basta
que os criminosos que tentaram matar camelôs no último fim-de-semana sejam presos e punidos. Nem bastam os resultados a que já chegou o
Ministério Público em suas investigações sobre o escândalo das regionais. É preciso, mais do que nunca,
desatar o nó górdio da corrupção, o
que significa identificar os representantes dessa máfia encastelada na
gestão municipal. É hora de eliminar
da vida pública e punir os gângsteres
travestidos de políticos que ameaçam e amedrontam a cidade.
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