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Unidos venceremos
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - Nunca entendi a importância que a mídia dá a reuniões
de políticos. Teremos uma, em breve,
com o presidente e alguns governadores. Decupando-a em termos de noticiário, servirá em primeiríssimo lugar
para as fotos. Em seguida, cumprirá as
obrigatórias etapas:
a) Nota oficial, se for julgada conveniente. Não dirá nada além do que todos já sabem; b) relatos individuais
dos participantes, obedecido o acesso
de cada qual a cada veículo; c) exaustivas análises do que não foi resolvido.
Dois dias após, começam as informações de cocheira, sopradas pelos assessores protegidos pelo sigilo das fontes. Tudo em off. Fofocas e insinuações
de uns contra os outros, plantando interesses para a carreira dos chefes.
Logo se inicia a articulação para outra reunião, esta setorizada. Até que
os problemas terminam num guichê:
não há dinheiro para nada. E o que
sobra do nada, o FMI não deixa gastar.
Evito citar a imagem do cobertor
curto que não dá para proteger tudo.
Com a União e os Estados em processo
falimentar, o dinheiro é manipulado
magicamente para garantir o crescimento em baixa e a inflação em alta.
Fico assombrado com essas reuniões
de trabalho. Lembro que um presidente dos Estados Unidos nos visitou e
aqui passou 32 horas, sendo que oito
dedicadas ao sono. Nesse espaço de
tempo, ele teve com o presidente do
Brasil uma reunião de trabalho que
durou exatos 15 minutos.
Além das fotos, assinaram acordos e
protocolos sobre a preservação da floresta amazônica, o combate ao narcotráfico, um novo código para as telecomunicações, um intercâmbio cultural, uma declaração sobre direitos humanos e até mesmo uma modificação
nos critérios de pesagem da nova safra
de soja.
Li em detalhes esse último item. Fiquei pasmo com a meticulosidade dos
dois mandatários. Previram até mesmo um erro técnico de 0,05% por quilo, devido ao clima que poderia afetar
as balanças.
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