São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

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CLÓVIS ROSSI

Números e idiotia

BRUXELAS - Os números do FMI (Fundo Monetário Internacional) a respeito do crescimento da economia mundial neste ano apontam com toda a clareza para o absoluto fracasso da política econômica.
Muito ao contrário de mais uma pobre metáfora de Lula (a de que adubou, semeou e agora vai colher, supostamente dita a um animador de auditório), o governo não semeou porcaria alguma nem vai colher coisa nenhuma, a não ser, eventualmente, mais um desempregado incendiado às suas portas.
É comparar números: o máximo que a mofina política econômica do governo pode oferecer é um crescimento de 3,5%.
Bom, o mundo, em média, vai crescer mais (4,6%). Até as economias mais avançadas vão crescer a mesma coisa (3,5%), quando o natural é que economias maduras cresçam menos do que as emergentes.
Os países em desenvolvimento também vão crescer bem mais (6%). O hemisfério ocidental (as Américas) também (3,9%).
Pelas previsões do FMI, no ano que vem, os números se repetem: o Brasil cresce menos do que a média mundial, menos do que as economias mais avançadas, menos do que o hemisfério ocidental. Só ganha do México, o que não é grande vantagem, dada a anemia que vem afetando o país que os adeptos da rendição incondicional aos Estados Unidos achavam que tinha descoberto o mapa da mina ao se integrar ao Nafta.
Enquanto isso, o jornal britânico "Financial Times" informa: "A economia argentina está se recuperando a um ritmo frenético. (...) Cresceu 10,4% em fevereiro comparado com o mesmo mês do ano anterior. Nos dois primeiros meses de 2004, o crescimento foi de 9,7%, devolvendo a segunda maior economia da América do Sul aos níveis pré-crise pela primeira vez".
Ou seja, DURANTE A MORATÓRIA, a Argentina recuperou tudo o que havia perdido ANTES DA MORATÓRIA. E a idiotia predominante continua achando que, contra seus argumentos, não há fatos.


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