São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2000


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A CHINA NA OMC

Muito se tem comemorado a perspectiva de ingresso da China na Organização Mundial de Comércio. De modo preliminar, estão em curso negociações bilaterais com a União Européia e os EUA.
O motivo do entusiasmo é simples. O gigante asiático detém cerca de 20% da população mundial e apenas 3% do comércio internacional. Entre as propostas sugeridas pela China aos EUA e que podem ser tomadas como referência para a OMC, estão redução da tarifa média de importação de produtos agrícolas para 17% e de industriais para 9%; abertura do mercado de telefonia celular em até cinco anos e o de fixa em até seis anos; abertura irrestrita do mercado bancário em cinco anos.
Nota-se um certo desvio de foco no debate nos EUA. Boa parte da discussão concentra-se no que será mais eficiente para obter da China um melhor tratamento de questões ambientais, direitos humanos e trabalhistas.
Defende-se que a liberalização econômica irá acelerar a democratização chinesa. Do outro lado, que restrições comerciais continuam sendo o melhor instrumento para forçar a liberalização política. Não deve ser desprezado o aspecto político do debate -quanto mais em se tratando de uma potência nuclear, com um dos maiores Exércitos do planeta. Mas nesse assunto há um fortíssimo componente econômico.
Por um lado, há os interessados nas possibilidades comerciais que serão abertas. Por outro, muitos setores serão afetados pelo aumento das exportações chinesas. Além disso, analistas têm notado que a China pode aproveitar tal mudança para reforçar alguns pilares nacionalistas. O governo chinês estaria voltando a investir nas estatais. Resta saber se serão competitivas globalmente.
Uma alteração tão importante no comércio internacional certamente cria e fere interesses específicos no mundo inteiro. A entrada da China na OMC é totalmente defensável. Mesmo porque a ampliação da área de atuação dessa organização faz parte de sua vocação. Senão, para que a OMC?


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